O setor de etanol de milho começa a ganhar novas perspectivas de crescimento em Mato Grosso. O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) lançou nesta terça (12) um estudo regional sobre 'Clusters do etanol de milho'. A pesquisa abrangeu 11 cidades, 6 usinas de etanol (cana-de-açúcar, flex e full) e teve 70 pessoas entrevistadas no estado. Contou também com o apoio de duas parcerias técnicas (Stracta e Agroicone).
O superintendente do Imea, Daniel Latorraca disse ao Mato Grosso Econômico que o estado poderia estar produzindo mais milho se não fosse o entrave da logística e limitação de mercado, pois o frete deixa o preço do grão menos competitivo. Ressaltou ainda que é possível aumentar a produção sem degradar os 62% de área preservada existente em Mato Grosso. “Do total de 9,4 milhões de hectares onde é plantada a soja, quase 99% da produção de milho no estado, cerca de 4,7 milhões de hectares, é da segunda safra utilizando a mesma área, ou seja, existe ainda muito espaço para suportar um aumento da demanda produtiva”, ressalta Latorraca.
Com relação a logística, existe um projeto em andamento no Brasil do Etanolduto que deve ser no futuro uma nova alternativa de escoamento do etanol de Mato Grosso. É semelhante ao gasoduto e pode facilitar o transporte do produto entre os estados brasileiros e melhorar a proximidade portuária facilitando a exportação. O diretor executivo do Sindalcool, Jorge dos Santos, presente no evento, disse à reportagem que o projeto deve passar por Mato Grosso e ir até o porto de São Sebastião (SP), percorrendo diversos municípios, entre eles Paulínia (SP), maior centro distribuidor de combustíveis do Brasil. “O Etanolduto foi concluído até o momento em torno de 60% e está parado em Uberaba. Estamos tentando nos inserir nesse projeto nacional, mas só será possível se houver produção, por isso é importante Mato Grosso investir nessa área cada vez mais, precisamos chegar a pelo menos 4 bilhões de litros de etanol” disse Santos.
A agregação de valor ao milho deve minimizar também o impacto do déficit de armazenagem em Mato Grosso, conforme explica o superintendente do Imea. Cada região do estado possui um preço do cereal devido aos fatores logísticos, armazenagem, produção e demanda. “Em Rondonópolis pode ter milho custando R$ 22 e em Tapurah R$ 12. Isso acontece porque esse produto não segue a base de preço internacional como a soja, que acompanha valores de Chicago. Em Mato Grosso temos regiões com situações distintas que fazem com que haja maior variação, porém agregando valor ao produto com o etanol de milho deve ajudar o mercado e diminuir o déficit de armazenagem”, destaca Latorraca.
O etanol de milho é uma tendência irreversível, já que até 2025 o estado deve produzir 38 milhões de toneladas do grão, segundo o Imea, portanto matéria-prima terá de sobra. O aumento da produção de bovinos, aves e suínos também deve demandar mais milho, pois é utilizada ração para os animais baseada neste cereal.
Outro fator importante no uso do etanol de milho é a tendência de aumento da frota de carros no Brasil. Até 2025 o país deve ter 44 milhões de veículos circulando e a demanda do etanol deve gerar um déficit de 23,7 milhões de metros cúbicos, por excesso de consumo, já que hoje muitos carros utilizam este tipo de combustível, mais barato do que a gasolina e mais limpo para o meio ambiente. Até a data acima espera-se mitigar 69,7% de gases do efeito estufa e para isso é importante que seja fortalecida a produtividade do etanol no mercado, tanto da cana-de-açúcar quanto do milho.
A geração de emprego também deve crescer. Em 2016, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Mato Grosso gerou 5.650 empregos no setor de fabricação de etanol. A cada 1 emprego direto, são gerados mais 14 indiretos e 10 induzidos (pessoas que vem de outras regiões para trabalhar onde há produção).
Quem tem interesse em investir nessa área em Mato Grosso, o terreno é promissor. O retorno de investimento é em média 6 anos e já existe um estudo prévio de oferta e demanda, analisando o cenário atual e as perspectivas futuras.