Lideranças políticas, produtores rurais, empresários e população se reuniram em audiência pública na última sexta-feira (28), em Nova Ubiratã, para debater sobre a retomada das obras da BR-242 que liga Santiago do Norte a Querência. A conclusão será importante para Mato Grosso ter uma nova rota de escoamento de grãos pelos portos de Miritituba (Pará) e Itaqui (Maranhão).
Antes da audiência foi realizado um bloqueio temporário na estrada para representar o ato.
“Uma parte da BR 242 é estadual, de Sorriso a Nova Ubiratã, e de Ubiratã até Santiago do Norte está pavimentada e é federal, porém precisamos resolver de Santiago a Querência e estamos unindo esforços com a bancada de Mato Grosso para intervir junto ao governo federal. O que falta é o licenciamento ambiental do IBAMA e questões indígenas. Teremos uma reunião com o presidente da república, que já está marcada para os dias 8 e 9 de agosto para tratar do assunto”, disse o governador Pedro Taques que ressaltou que a ordem de serviço no que compete ao governo do estado já foi dada para liberação das pontes de acesso da região.
A questão ambiental é sempre um entrave para o desenvolvimento, segundo o prefeito de Querência Fernando Gorgen. “O que não dá para entender é que parece que o IBAMA e a FUNAI é oposição ao governo. Existem ONGs ligadas a interesses internacionais que possuem a intenção de deixar Mato Grosso menos competitivo em relação à União Européia, Estados Unidos, Canadá e outros países”, alerta Gurgen que defende uma menor burocracia ambiental.
Querência já é o sexto maior produtor de grãos do Brasil e pode ser uma rota importante para o escoamento de grãos do Médio-Norte de Mato Grosso.
A questão logística é crucial para os municípios agrícolas terem maior competitividade. Mesmo com uma super safra às vezes os produtores não conseguem ter lucro, segundo depoimento dos produtores e lideranças locais.
O deputado estadual Dilmar Dal Bosco, líder do governo na Assembleia disse que o governo já concluiu parte da BR-242 de Ipiranga do Norte a Itanhangá, a ponte do Rio Arinos entre outras na região também. A BR-242 corta vários estados brasileiros e é extremamente importante para a logística e potencial agrícola do estado. O deputado ressaltou que a conclusão deve impactar no preço do frete também.
“O que falta para o estado são obras estruturantes como rodovias, ferrovias e hidrovias para que a gente possa agregar não somente ao grande agricultor, mas também ao pequeno e médio produtor e aos demais segmentos como a suinocultura, avicultura, piscicultura entre outros. Se dermos condições de logística vai agregar valor ao produto, diminuir o frete e permanecer o lucro gerado na renda dos municípios onde é fomentada a produção” ressalta Dal Bosco.
O município de Itanhangá, que passa por uma fase de transição da madeira para a agricultura, também se integrou ao movimento por meio do prefeito Edu Pascoski e destacou que a cidade possui uma vocação para a agricultura familiar. “Temos um dos maiores assentamentos da América Latina que ocupa cerca de 45% do município. Estamos produzindo alimentos para sustentar a própria cidade, Mato Grosso e outros estados do Brasil. Como exemplo, produzimos melancia, que vai para Cuiabá, Acre e Manaus e se a BR-242 for concluída haverá maior interligação logística com outras estradas e facilidade de escoamento. Temos que ter estradas boas para ligar alguns pontos, para ai sim pensarmos em ferrovia. Acredito que deve ser feito uma coisa de cada vez”, disse o prefeito.
O movimento pró BR-242 foi apartidário e contou com a presença da base governista e oposição. Todos levantaram a mesma bandeira em prol do desenvolvimento de Mato Grosso.
O deputado estadual Zeca Viana disse que a conclusão da BR-242 é importante para o estado manter a produção de alimentos para o mundo. “O Centro Oeste vem carregando o Brasil nas costas há 20 anos, tendo um superávit da balança comercial por meio do agronegócio, mas muitas vezes somos esquecidos pelos governos federal e estadual”, disse.
O diretor de Infraestrutura do DNIT, Luiz Antônio Garcia, que também é mato-grossense, esteve no evento representando o ministro dos Transportes, Maurício Quintella e disse que o DNIT está aguardando o processo ambiental e o projeto de engenharia está sendo adequado.
“Estamos com a meta da primeira quinzena de agosto dar a ordem de serviço para a conclusão das 8 pontes na região, pois a obra está inserida no programa Avançar do Governo Federal, que são aquelas que tem a meta de conclusão até 2018. Queremos ter a pavimentação e as pontes para assim ter um corredor de escoamento. Os estudos ambientais estão avançando para que possamos ter a obra chegando até Querência. Estamos fazendo as adequações para ter o licenciamento ambiental o quanto antes. O corredor logístico é importante para ligar também as BRs 163 e 158 e melhorar a competividade internacional dos produtos de Mato Grosso, gerando riqueza e desenvolvimento para a região”, disse o diretor do DNIT.
O presidente do movimento Pró BR-242, Odir Nicolodi (Caçula), que organizou a Audiência Pública juntamente com as lideranças políticas, produtores rurais, empresários e comunidades locais, disse que o resultado do encontro foi bem satisfatório. “Uma organização feita em 35 dias e já temos como resultado a liberação das pontes, a reunião do presidente da república, Michel Temer, agendada em Brasília nos dia 8 e 9 de agosto para discutir com todas as partes envolvidas, incluindo IBAMA e FUNAI, além do governador de Mato Grosso Pedro Taques se comprometendo em realizar todo esforço necessário junto com bancada estadual e federal. O resultado está sendo muito bom mesmo e o avanço está acontecendo”, comemora o representante do movimento civil organizado.
“Precisamos destravar essas licenças que já estão há dois anos impedindo o avanço da região. As pontes já foram liberadas pelo governo estadual, agora falta a liberação do trecho da BR-242 de Santiago do Norte a Querência. Vamos cobrar o governo federal com todo o empenho do movimento organizado” conclui Caçula.