A internet das coisas (IoT) está se tornando uma realidade no agronegócio de Mato Grosso. A empresa WND Brasil fez o lançamento nesta quinta (26), no auditório do Senar-MT, de uma rede que permitirá um avanço do setor agrícola de Mato Grosso com a redução de custos, aumento de produtividade e maior precisão de informações para a tomada de decisão dos produtores rurais. A WND Brasil é parte do grupo WND e é operadora oficial da Sigfox em toda América Latina e Reino Unido.
Muitas cidades produtoras de Mato Grosso não possuem internet de qualidade, mas a WND garante que o sistema que está sendo implantado terá uma boa abrangência territorial, pois contará com sub-estações que se conectam com redes e satélite para garantir o bom funcionamento. Disse também, que a tecnologia possui baixa interferência, quase nula, com outros meios que supostamente poderiam atrapalhar, como ondas de rádio por exemplo.
A rede já beneficia cidades de Mato Grosso como Cuiabá, Rondonópolis, Sorriso, Cáceres, Sinop e Nova Mutum. Em todo Brasil a WND já atende mais de 80 milhões de pessoas, estando presente em mais de 100 cidades do país.
A WND Brasil totaliza em 3 anos, o montante de US$ 50 milhões de investimento no Brasil. Até o fim deste ano pretende alcançar 100 milhões de pessoas, quase 50% da população brasileira.
O representante da empresa WND, Francisco Cavalcante, disse em entrevista ao Mato Grosso Econômico que a tecnologia já é aplicada em grandes centros e ressalta que o custo de adesão é muito baixo. Sendo assim, é disponível desde o pequeno ao grande produtor. “O valor dependerá de quantos equipamentos serão monitorados na lavoura. O investimento pode ser a partir de US$ 1 dólar/ano ou US$ 1 dólar/mês, por equipamento [device], mais o volume de informação coletada. Comparando com a rede 3G que é de US$ 2 a 3 dólares/mês, o valor se torna bem vantajoso” disse Cavalcante.
Vale lembrar que a rede de internet das coisas (IoT) depende do sistema 3G para se interligar, porém, nos locais onde ainda não chega este tipo de sinal, é necessário colocar antena ou implantar um satélite de baixo custo que gira em torno de R$ 300,00/mês.
Os sensores que transmitem informações para a rede (IoT) ajudam a detectar a produção geral, alertas de insetos, clima, irrigação do solo, manutenção das máquinas agrícolas e consumo. Segundo estudos técnicos da WND a tecnologia pode reduzir em torno de 30 a 40% o custo de produção.
O produtor é um grande gerenciador de riscos diários, sendo que a tecnologia e automação no campo é uma tendência positiva para uma gestão mais eficaz, conforme disse Daniel Latorraca, superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária – Imea. “O produtor precisa administrar o ciclo financeiro da dívida, preço do dólar, valor do insumo, vendas futuras, clima, pragas, tecnologias, mão de obra, produção, frete, logística, armazenagem, invasões no campo, além de outros fatores. Tudo o que for criado para melhorar a gestão é positivo, mas precisa ser prático com respostas rápidas e diretas para não ser inserida mais uma função ao produtor rural já sobrecarregado, que demande longo tempo de análise”, ressalta.
O presidente da Associação Brasileira de Internet das Coisas – Abinc, Flávio Maeda disse que a ‘internet das coisas’ é uma nova fase da revolução do mundo digital. “A internet deixa de estar somente nos smartphones e computadores e passa a estar nas coisas do dia a dia. Nos próximos 5 a 10 anos a maior parte dos equipamentos estarão conectados de alguma forma na internet. A forma do convívio da sociedade e os negócios vão mudar”, ressalta Maeda.
Flávio disse ainda, que a internet das coisas não se fixará apenas em grandes centros, mas também no agronegócio. “Temos um exemplo de uma empresa do interior do Rio Grande do Sul que trabalha com máquinas agrícolas e já possui máquinas com sensores conectados na internet. Os dados vão para servidores em nuvem e com isso transmitem informações sobre problemas e orientações no campo” comenta.
Além do Senar e Imea, estiveram presentes no evento de lançamento da rede Sigfox operada pela WND, algumas empresas parceiras do ecossistema, incluindo CPqD, Agrosmart, Hensys, Google Dev Group Cuiabá, Logicalis, Agrusdata, Solinftec.
Como funciona a internet das coisas no agronegócio
A rede vai cobrir uma grande área com baixo custo e coletar dados dos sensores espalhados no campo e nas máquinas agrícolas e terão bateria de longa duração (5 a 10 anos), por ser de baixo consumo de energia (low power). Poderão ser recarregados por energia solar também. Essas informações coletadas vão para servidores em nuvem que cruzarão dados estratégicos utilizando big data, algoritmos e inteligência artificial visando auxiliar o produtor rural na tomada de decisões diárias. Será possível ver com melhor precisão dados sobre clima, irrigação, insumos, desgaste de máquinas agrícolas, ameaças na colheita entre outras informações importantes para o dia a dia no campo.