De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), no primeiro bimestre de 2017 os bancos brasileiros fecharam 2.535 postos de trabalho no Brasil. No ano de 2016, neste mesmo período, o saldo foi de 783 postos de trabalho fechados. Esse resultado representa um crescimento de 223,75% no desemprego do setor bancário, em relação ao mesmo período de 2016.
Já o Sicredi Centro Norte (Mato Grosso, Pará, Rondônia e Acre) na contramão da crise econômica contratou na região Centro Norte do país, em torno de 761 pessoas, o que totaliza mais de 2.697 mil colaboradores no sistema da cooperativa regional. Segundo o presidente do Sicredi Centro Norte, João Carlos Spenthof, o mercado cooperativo está gerando mais empregos do que os bancos comerciais. “Abrimos em Mato Grosso quinze novas agências no ano de 2016 e geramos mais de 700 empregos na região. Enquanto as instituições bancárias tradicionais estão fechando agências e demitindo pessoas, nós estamos ampliando espaços para os nossos cooperados”, pontou Spenthof à reportagem do Mato Grosso Econômico.
O Sicredi reúne 164 pontos de atendimento em Mato Grosso, Pará, Rondônia e Acre, com presença em 17 municípios mato-grossenses. O quadro social na região Centro Norte é composto por 363 mil associados em 130 municípios. O resultado da instituição nacional, em relação às sobras líquidas e despesas de juros de capital registrou em 2016 o volume de R$ 1,96 bilhão, um crescimento de 36% em relação ao ano anterior, em que o montante era R$1,4 bi.
O site Mato Grosso Econômico questionou o presidente Spenthof sobre a expectativa de melhora no ano de 2017 para recuperação da economia e quais fatores indicam que este ano será realmente positivo. “Temos o fator da ‘supersafra’, nosso estado movimenta a economia com as cidades produtoras (agronegócio) e que por consequência, impulsiona o comércio e setores relacionados. Nós acreditamos na retomada do crescimento de empregos e de novas cooperativas, que podem agregar na melhoria da economia e desenvolvimento social das cidades” disse Spenthof.
Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que Mato Grosso produzirá 53 milhões toneladas de grãos neste ano de 2017, gerando assim a ‘Supersafra’. O valor corresponde a quase 25% da produção nacional. Mato Grosso possui 141 municípios em que muitos deles a principal atividade econômica é o agronegócio, que promove a economia positiva do estado e do país. No total a Conab estima que o Brasil produza em torno de 215 milhões de toneladas de grãos.
Cristieny Paiva, engenheira Agrônoma, consultora de negócios do Sicredi no segmento agro, explicou à resportagem que “em Mato Grosso 50% do Produto Interno Bruto (PIB), é proveniente do Agronegócio, em nível nacional, isso representa mais de 20% do PIB originado do agronegócio. O estado é lider na produção de grãos e carne. Esse cenário consolidado vem há muitos anos e a tendência é que se mantenha com a safra recorde, fazendo com que grande parte do que é produzido seja exportado, contribuindo assim para o saldo positivo da balança comercial, ajudando o país a não ter um declínio maior nesse período de crise econômica”. Cristieny ainda esclareceu que o impacto da “operação carne fraca” em Mato Grosso é menor do que em outras regiões do Brasil, pois não houve nenhuma irregularidade encontrada no estado. “Estamos preparando para receber os associados pecuaristas para que não passe dificuldades durante o ano, mas esperamos que Mato Grosso sofra menos do que outras regiões do país” frisou.
Em relação ao impacto no corte do orçamento do governo federal, anunciado recentemente pelo Ministério da Agricultura, que deve atingir também o setor do agronegócio, o presidente do Sicredi apontou quais medidas irão tomar para minimizar os efeitos e preocupações da possível redução de Crédito Rural. “Nós estamos atentos a essa questão da redução de recursos, porém o Sicredi está captando caderneta de poupança e possui parceria com outros agentes financeiros. Também acreditamos que o governo deve estimular outros instrumentos como a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) e fazer com que mais recursos sejam disponibilizados diretamente pelos bancos, minimizando as taxas subsidiadas” explicou João Carlos Spenthof.
No Diário Oficial da União que circulou no dia 30 de março, foi publicado um Decreto que atingiu Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O corte das despesas da pasta em 2017 será de 45,6%. Do valor autorizado no Orçamento, de R$ 2,215 bilhões, o Ministério poderá utilizar somente R$ 1,204 bilhão.
Letra de Crédito do Agronegócio (LCA)
A LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) é um título emitido por bancos garantidos por empréstimos concedidos ao setor de agronegócio. Um dos objetivos é ampliar os recursos disponíveis ao financiamento agropecuário. Essa modalidade foi criada pelo governo para movimentar a economia neste segmento.
A rentabilidade da LCA pode ser definida por taxa de juro pré ou pós-fixada. No caso da LCA prefixada, o investidor sabe qual será a remuneração no momento da compra do título. Já quando adquire uma LCA pós-fixada, a rentabilidade geralmente é baseada em um percentual do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), quem por sua vez, oscila sempre muito próximo da Selic (Taxa Básica de Juros). Ou seja, a LCA pós-fixada, quanto mais alta estiver a Selic, maior será a rentabilidade do título, e vice-versa.
A vantagem de investir na LCA é que se isenta de Imposto de Renda (IR). E também a aplicação tem a garantia pelo FGC até o limite de R$ 250 mil, em caso de “quebra” do banco emissor. Para investir basta escolher um banco emissor ou corretora autorizada a intermediar a compra da LCA. É importante definir se irá investir em título pré ou pós-fixado.
O custo é atraente porque o título é isento de IR para pessoas físicas, assim como, as Letras de Créditos Imobiliários (LCI) a liquidez da LCA só pode ser resgatada no vencimento do título. Portanto, o investidor deve ficar atento caso precise do recurso financeiro e buscar outro recurso imediato.
Taxa Selic
O presidente do Sicredi também falou sobre a redução da taxa Selic e como será a estratégia para manter a economia positiva. Spenthof relatou ao site Mato Grosso Econômico que está atento às taxas “nós estamos nos adaptando à redução da taxa Selic que até o fim do ano deve chegar a 8,75%. Há uma redução de custo para captar o recurso do depósito bancário e com isso a tendência é que reduza a taxa para concessão de empréstimos ao cliente final”. João complementou que as taxas de uma cooperativa são melhores do que um banco convencional.
Previdência Complementar
Com relação à previdência complementar, uma alternativa que se intensifica devido à reforma na previdência social, o presidente do Sicredi sinalizou que tem investido para levar informação sobre educação financeira de longo prazo aos cooperados. Spenthof esclareceu os benefícios da previdência quando contratada em uma cooperativa de crédito. “É um produto que tem um diferencial, pois cobramos taxas menores do que um banco comercial e se torna uma garantia para o futuro pessoal e familiar”, ressaltou.
O Regime de Previdência Complementar (RPC), também conhecido como previdência privada, surgiu para assegurar ao trabalhador o recebimento de um recurso adicional para disfrutar na aposentadoria. A legislação principal aplicada ao regime de previdência complementar são as Leis Complementares nº 108 e n.º 109 de 29 de maio de 2001.