A crise econômica brasileira também afetou o setor musical nos últimos dois anos. É o que revela o cantor sertanejo Sorocaba, da dupla Fernando e Sorocaba, ao Mato Grosso Econômico durante a Festa do Trabalhador da Indústria realizada no último sábado (29/4), pela Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso (Fiemt), no Sesi Papa em Cuiabá/MT.
“No ano passado, por exemplo, o entretenimento sofreu assim como outros setores no Brasil todo. O patrocinador não manteve o mesmo nível de investimento, o número de festas caiu assim como o ticket médio dos eventos. Ainda bem que o setor agro é forte e ajudou a segurar”, disse Sorocaba à reportagem.
“Esses momentos difíceis são menos frequentes no mundo artístico, mas também fez o mercado se ajustar. Fazer um projeto com menos gente e melhorar a logística” foram alguns exemplos citados por Sorocaba para flexibilizar os negócios em momentos adversos. Além disso, muitos cachês foram reduzidos devido à crise nos Estados e municípios que fez com que a fonte do dinheiro público secasse aos artistas. Boa parte das contratações são feitas pelas Secretarias de Cultura municipais, estaduais e órgãos federais para comemorar aniversários de cidades e Estados também. Para alguns artistas a contratação do setor público representa em torno de 60% do faturamento anual. A redução nos cachês chegou em mais de 50% em alguns casos e afetaram grandes artistas como Roberto Carlos, Ivete Sangalo, Cláudia Leite, Jorge e Mateus, Victor e Léo, Anitta, Gustavo Lima e Paula Fernandes.
Outra adaptação que os artistas também tiveram que realizar no mercado musical é a fusão de shows em projetos de parceria, como é o caso do cantor sertanejo Leonardo e Eduardo Costa (Cabaré), Bruno e Marrone e Chitãozinho e Xororó (Gravaram DVD juntos) e inúmeros festivais de música onde se reúnem grandes artistas em um único dia como o Villa Mix, Festival Brasil Sertanejo, Festeja Brasil e as tradicionais festas de peão e eventos agropecuários realizados pelo país.
Em 2017 o setor musical já começa a se recuperar fortemente, em especial o sertanejo. “Este mês já vemos o mercado se revertendo de forma acelerada. O entretenimento está dando a volta por cima muito rápido. Temos que comparar os artistas que estão em velocidade de cruzeiro. Não podemos analisar um artista que explodiu no ano passado, como o Wesley Safadão, que teve o melhor ano da vida dele, mas foi um ponto fora da média. Em geral os artistas sofreram sim com a crise econômica”, ressaltou Sorocaba.
A dupla Fernando e Sorocaba além do talento musical, possui também um tino empresarial. A FS Produções Artísticas já lançou grandes nomes no mercado como Luan Santana. “O lado empresarial começou de forma muito natural, no início da carreira no Paraná. Recebíamos muitas ligações para fazer shows em datas que já tínhamos compromisso. Era um desperdício dizer que não era possível atender em um determinado dia, então pensamos: Não tem o Fernando e Sorocaba mas tem esse outro aqui que vai estourar [Luan Santana], enfim, isso foi o primeiro start da nossa vida empresarial” disse Sorocaba à reportagem do Mato Grosso Econômico. Além de Luan Santana alguns nomes conhecidos no mundo artístico tiveram um impulso na carreira com o agenciamento de Sorocaba. Entre eles: Thaeme e Thiago, Marcos e Belutti, Mateus e Cristiano, Tânia Mara e Inimigos da HP.
O cantor sertanejo disse que com o passar do tempo, foram se abrindo também outras oportunidades empresariais e hoje além da música, investem nos setores do agro, alimentação e startups, além de faturar com direitos autorais de composições musicais.
O parceiro de Sorocaba, Fernando, nasceu em Rondônia, mas com 15 anos veio morar com o pai em Cuiabá/MT, quando conheceu Sorocaba, que estudava o curso de Agronomia na faculdade de Londrina. Desde cedo Fernando gostava de música e se escondia nas lavouras para tocar violão e quando adolescente descobriu seu talento musical.
Tendência de Consumo Musical
Embora algumas adaptações tenham sido necessárias para o setor de shows enfrentar a crise nos últimos dois anos, a indústria musical registrou um crescimento mundial de 5,9% em 2016, contabilizando um volume de negócios de US$ 15,7 bilhões. A expansão do streaming/músicas online ajudou a alavancar o saldo positivo do setor no ano passado, segundo a Federação Internacional da Indústria Fonográfica (Ifpi). Algumas plataformas como o Spotify, Apple Music, Tidal e Deezer contribuíram para o crescimento da música online. Este mercado online e os downloads representam hoje 50% das vendas mundiais. Já as vendas no formato físico recuaram 6,8%.
No Brasil devido ao crescimento do streaming e popularização da internet o faturamento com os downloads caiaram 34% no ano passado, segundo a Associação Pró-Música Brasil. Com a diversidade de plafaformas digitais, facilidade da interligação do Bluetooth dos celulares e expansão de pontos de Wifi, aliado ao aumento da oferta dos pacotes de dados móveis das operadoras de telefonia no Brasil, as pessoas estão de fato consumindo muita música online em seu dia a dia e em momentos de lazer.
O crescimento da música digital está em ritmo acelerado nos últimos anos. No primeiro semestre de 2016 representou 70% do faturamento no setor fonográfico brasileiro, segundo a Associação Pró-Música Brasil. Tanto os consumidores quanto os empresários já conseguem perceber essa tendência sustentada pela internet, que está sendo um grande meio de divulgação dos artistas. Plataformas como o YouTube e as redes sociais (facebook, instagram entre outras), hoje em dia são essenciais para os músicos se popularizarem e ganharem cada vez mais views, fãs e seguidores, facilitando assim o alcance do tão sonhado topo do sucesso.
Clique aqui e confira a entrevista em áudio enviada para as rádios de Mato Grosso.
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