Palestras sobre os conceitos da indústria 4.0 e os caminhos para a incorporação das novas tecnologias nos processos fabris das empresas estão a disposição das pequenas e médias empresas de Mato Grosso que está entrando na 4ª revolução industrial.
E as instruções ainda englobam o Programa Mato Grosso Mais Produtivo, uma iniciativa do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) para dar condições às empresas de implementarem soluções básicas de manufatura enxuta, um dos pré-requisitos para a adoção dos conceitos da indústria 4.0.
Novas tecnologias, como big data, inteligência artificial e internet das coisas vão transformar os negócios e o mercado de trabalho. Nos últimos dois anos, aumentou em 10 pontos percentuais o número de grandes indústrias brasileiras que utilizam tecnologias digitais. Entre o início de 2016 e o de 2018, o percentual das empresas que utilizam pelo menos uma das 13 tecnologias digitais consideradas nas entrevistas passou de 63% para 73%. Leia aqui.
E o interesse por esse universo não é apenas das grandes empresas. No entanto, as micro e pequenas não possuem disponibilidade de caixa para fazer isso. O objetivo do SENAI neste primeiro momento no estado – composto 99% de micro e pequenas empresas – é levar soluções com baixo nível de investimento, mas que respondem imediatamente às necessidades do setor produtivo. “Acreditamos que em breve muitas empresas estarão se conectando a nuvem, utilizando processos de prototipação avançada, fazendo uso da internet das coisas; situações que atualmente para elas é algo muito distante, mas que com as ferramentas e soluções que o Senai está trazendo vai facilitar e muito para elas isso”, afirma o gerente regional de Tecnologia e Inovação do Senai no Mato Grosso, Valdir Pereira de Sousa Junior.
A Indústria 4.0 resulta da incorporação, em larga escala, de tecnologias digitais à produção industrial. Ela vem transformando a forma como se produz, com novos processos, produtos e modelos de negócios que há pouco tempo não era cogitado. Além disso, promete tornar os modelos convencionais de produção gradualmente ineficientes, o que força o setor produtivo a incorporar as novas tecnologias o quanto antes, como mostra o estudo da Confederação Nacional das Indústria (CNI), o Propostas para as eleições 2018 – Indústria 4.0 e Digitalização da Economia.
De acordo com o material, enviado aos candidatos à presidência da República como forma de estimular o debate nos próximos quatro anos, as principais nações industrializadas têm inserido o desenvolvimento da indústria 4.0 no centro de suas estratégias de política industrial para preservar e aumentar a competitividade dentro do setor produtivo. Especialistas garantem que os impactos irão muito além de ganhos de produtividade no chão de fábrica. Leia mais sobre o assunto aqui.
PILOTO – Duas empresas de pequeno porte do Mato Grosso já conseguiram migrar os processos de controle da produção para a indústria 4.0. Uma delas, de produção de bebidas, implantou sensores do começo ao fim da linha de produção; e hoje consegue saber ainda durante o preparo de encaixotamento quantas unidades foram produzidas, quantas foram rejeitadas, o que entra e o que sai e, principalmente, se está de acordo com o que foi planejado no começo. As informações são acompanhadas pelos gestores pelo telefone ou pelo computador, por exemplo. Se algo precisar ser ajustado, poderá ser feito instantaneamente.
O que antes não tinha um controle, muito menos um aproveitamento desses dados, hoje já reflete em mais produtividade e competitividade para a empresa. “São processos bem manuais, pouco automatizados, pouco trabalhado no aspecto da automatização desse fluxo de processos, e que conseguimos definir locais específicos onde poderia fazer essa medição. Isso traz um ganho grande porque a empresa, na verdade, investiu muito pouco nesse processo. A solução que trazemos para eles são soluções que exigem um baixíssimo investimento de produtos tipo hardware e software. Com esse baixo investimento já conseguem tirar resultados bem expressivos”, pondera Valdir.
O Senai tem um guia com cinco passos que as pequenas e médias empresas devem seguir para se inserir na indústria 4.0. A recomendação é que, em primeiro lugar, os empresários organizem o sistema produtivo para reduzir desperdícios, por meio de ferramentas como o lean manufacturing. A técnica foi implantada pelo SENAI em empresas atendidas no programa Brasil Mais Produtivo com aumento médio de produtividade de 52%. Em seguida, a orientação é instalar sensores nas principais linhas de produção e capacitar funcionários para analisar as informações geradas pelos equipamentos. Ter profissionais qualificados é o ponto-chave para as empresas que vão adotar tecnologias digitais.
Segundo o gerente-executivo de Política Industrial da CNI, João Emílio Gonçalves, a indústria 4.0 é um segundo passo, uma evolução acima da manufatura enxuta. “O Brasil Mais Produtivo, que é baseado em uma metodologia que a gente desenvolveu aqui na CNI, ele ataca a questão da gestão da produção, da produção enxuta que é muito importante para criar as bases para a digitalização. O que a gente diz é que não adianta você digitalizar um processo ineficiente. Então, ter essa base da manufatura enxuta, que gera por si só um ganho de produtividade muito grande é uma etapa importante que as empresas precisam passar”, explica.