O servidor público e candidato ao senado Gilberto Lopes Filho (PSOL) defende a taxação do agronegócio e melhor distribuição de renda para a população de Mato Grosso. Gilberto esteve na manhã desta quinta-feira (6) na rádio Jovem Pan de Cuiabá.
Gilberto foi entrevistado pelos jornalistas Paulo Sá e Onofre Ribeiro. O programa teve também a participação de Alessandro Torres do portal de notícias Mato Grosso Econômico.
O representante do site Mato Grosso Econômico questionou o candidato sobre essa possível taxação do agronegócio.
Alessandro Torres – MT Econômico: A cultura ideológica do seu partido (PSOL) está sendo comparada a Nicolás Maduro, atual presidente da Venezuela, ao qual o país vive um caos mundial na questão de intervenção na economia de tal forma, que afasta os investidores e a confiança dos empresários. O seu representante nacional, candidato à presidência Guilherme Boulos, defende o aumento dos impostos das propriedades rurais para melhorar a distribuição de riqueza, até confiscando propriedades para destinar à população. Caso o senhor seja eleito e faça o enfrentamento ao setor agro, que movimenta a economia do nosso estado, quais prejuízos podem ter no desenvolvimento econômico e social de Mato Grosso, principalmente das cidades do interior, visto que está comprovado que os municípios que possuem agronegócio pujante conseguem alavancar o desenvolvimento local com emprego e renda e outros indicadores positivos?
Gilberto Lopes Filho – candidato ao senado (PSOL): Não sou contra o agronegócio, quero que ele cresça, o que defendo é que eles sejam taxados. Mato Grosso exporta cerca de R$ 60 bilhões sem pagar imposto, praticamente três orçamentos do estado, que gira em torno de R$ 20 bilhões. A isenção da Lei Kandir fez que com o agronegócio deixasse de pagar 13% de imposto desde 1996. De 1997 a 2007 não teve repasse do FEX, são R$ 8 bilhões de inadimplência. As cidades do agronegócio vivem bem, mas para ‘meia dúzia’ de barões.
Paulo Sá – Jovem Pan: O objetivo da Lei Kandir foi fazer com que nossas commodities tivessem competitividade no mercado externo e para isso foi criado o FEX, que é o fundo de compensação das exportações. A luta em Mato Grosso é elevar o retorno do FEX. Hoje nosso estado perde R$ 9 bilhões de retorno e consegue menos de R$ 1 bilhão de repasse por ano. Se eliminar a Lei Kandir, não teremos mais competitividade lá fora e o produto vai ficar aqui. Qual equilíbrio que o senhor acha que deve ter?
Gilberto Lopes Filho – candidato ao senado (PSOL): A Lei Kandir tem que continuar, mas temos que fazer uma revisão no Congresso Nacional. A alíquota que deixa de ser paga é 13%. Penso que pudesse ser como a lei do dízimo, de 10%, mas digamos que neste momento não dá, podemos fazer como a Argentina que taxou 4%. Com isso, já vamos ter um retorno de 2 bilhões e meio para investirmos em outras áreas no estado. Seria um incremento significativo no orçamento público. Além de investirmos no social, também precisamos recuperar a degradação do meio ambiente que o agronegócio provoca. Os rios estão morrendo com os agrotóxicos. Este setor tem que ser mais sustentável nos meios de produção.
O candidato também defendeu a diminuição dos repasses aos poderes, mas Onofre Ribeiro ponderou as dificuldades.
Onofre Ribeiro – Jovem Pan: Para diminuir os repasses teríamos que mexer na Constituição Federal, que é ruim e corporativa. O judiciário é uma corporação intocável, assim como o Congresso, Ministério Público, entre outras instituições. O senhor acha possível mexer nessa Constituição?
Gilberto Lopes Filho – candidato ao senado (PSOL): É uma questão de coerência. Enquanto houver essa disparidade na distribuição de renda, vai aumentar violência e prejudicar outras áreas. Apenas 30.000 pessoas detém a riqueza de Mato Grosso e hoje já somos quase 3 milhões e meio de habitantes, ou seja menos de 10%. É uma desproporção muito grande. Em contrapartida temos um terço da população mato-grossense vivendo abaixo da linha da pobreza. Isso forma um exército de pessoas que podem até ir para a criminalidade. Queremos fazer com que os filhos do trabalhador tenham condições de freqüentar escola também e que haja uma motivação, que hoje não tem porque as escolas estão sucateadas.
Gilberto finalizou dizendo que o PSOL não é bancado pelos grandes grupos econômicos, portanto não tem compromisso com eles e sim com a população.
O partido Socialismo e Liberdade (PSOL) que disputa as eleições em Mato Grosso este ano tem como representantes Moisés Franz, candidato ao governo, Procurador Mauro e Gilberto Lopes Filho ao senado, além de outros candidatos a deputado, em número ainda não confirmado. O objetivo nacional do partido é eleger pelo menos 12 deputados federais em 2018.