Nesta quinta (04.05) foi lançado o 12º Circuito Aprosoja no Cenarium Rural em Cuiabá/MT. O evento contou com a presença de autoridades, produtores rurais, estudantes, empresários e profissionais. Todos vieram prestigiar mais uma edição do lançamento do projeto que acontece simultaneamente em 24 municípios de Mato Grosso levando informações, discussões e melhorias aos produtores do estado.
A noite de lançamento foi abrilhantada com a presença do palestrante, empresário e escritor Carlos Alberto Júlio, um dos profissionais mais requisitados no Brasil, que sempre traz aos eventos corporativos, muita experiência e ensinamentos sobre gestão e liderança. Já foi presidente da Tecnisa S/A e HSM Brasil, além de ser autor de vários best-sellers. Além de palestrante, Carlos Júlio é atualmente professor na USP, ESPM e FGV, além de conselheiro de grandes empresas e colunista da rádio CBN.
Um dos grandes ensinamentos que Carlos Júlio trouxe foi algo simples que muitas pessoas deixam de fazer. “As pessoas gastam muito tempo pensando em tomar decisão e quando decidem não fazem o que decidiram. As grandes pessoas de sucesso que conheço passam 5% do tempo para tomar uma decisão e 95% fazendo o que decidiram”, disse. Quando o palestrante se referiu à essa proporção, não quis abolir a importância da análise e planejamento prévio, mas sim às decisões que não são cumpridas e transformadas em novos hábitos e comportamentos que podem mudar o futuro dos negócios. Carlos percebeu ao longo de sua experiência, que muitas empresas absorvem bem as novas ideias e até gostam, mas no dia seguinte continuam fazendo do mesmo “jeitão” de sempre ou com mudanças não muito significativas.
Será que o setor produtivo de Mato Grosso não precisa encontrar uma solução diferente para um mercado onde a inovação e novos modelos de negócios são cada vez mais evidentes em outros segmentos?
O palestrante Carlos Júlio lembrou que alguns negócios que “explodiram” de sucesso e hoje já fazem parte da vida das pessoas, buscaram alternativas totalmente diferentes para um futuro dinâmico e interativo.
A maior empresa de hospedagem do mundo, por exemplo, não possui um travesseiro. É o caso da Airbnb, um serviço online comunitário, que permite que as pessoas ganhem uma renda extra com hospedagem em seus imóveis e ao mesmo tempo troque experiências com turistas de qualquer lugar do mundo. O que chama a atenção no Airbnb é o leque de opções, pois pode ser negociada uma hospedagem temporária, que vai desde um sofá, até grandes mansões. “Nas olimpíadas do Brasil teve mais demanda neste aplicativo do que em toda rede hoteleira do Rio de Janeiro”, exemplificou Carlos Júlio.
Outro exemplo é o Uber, a maior empresa de táxi do mundo não possui um carro na sua frota e já é avaliada em R$ 60 bilhões de dólares, um valor superior à GM (55,7 bi) e a Ford (55,4 bi) de acordo com pesquisa feita pela Bloomberg. A quantia ultrapassa o valor de mercado de 80% das companhias de capital aberto que compõem o índice americano S&P 500. O aplicativo de transporte permite que as pessoas se locomovam de forma mais barata e em muitos casos com mais conforto.
Muitos devem estar pensando, mas qual a relação disso com o agronegócio? É no ineditismo e na crise que surgem as grandes soluções. O que o agro poderia fazer hoje de diferente de tudo o que já foi feito para poder inovar e conseguir atender a demanda de alimentos cada vez mais crescente no mundo? Pois se temos problemas de logística e armazenagem hoje em dia, o que acontecerá com uma produção cada vez maior?
O superintendente do Senar MT, Otávio Celidonio, disse recentemente em uma palestra que até 2050 a população mundial deverá crescer 31%, sendo que apenas 1/3 estará no campo para alimentar 2/3 das cidades. Isso significa que haverá uma necessidade de 70% maior na produção de alimentos do planeta, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). Além disso, será necessário produzir 80% mais de energia e 55% de água para suprir a demanda. Hoje Mato Grosso representa 7% da produção mundial e terá que ampliar até 2050, para 18%, o que corresponde a 965 milhões de toneladas, praticamente o dobro do que a China produz hoje.
O Mato Grosso Econômico esteve no evento e percebeu a união da classe política e do agronegócio em fazer algo para melhorar o setor produtivo no estado. Alguns discursos foram feitos pelas autoridades e representantes do agro, mostrando o quanto estão engajados em prol de um objetivo em comum. Problemas citados como a falta de conclusão da BR-163, Funrural, reformas trabalhista, previdenciária e tributária, endividamento do poder público, problemas com preço da matéria-prima, frete, escoamento da safra, remuneração do trabalhador rural entre outros são os temas mais discutidos no dia a dia do setor produtivo.
O que chama a atenção é que os problemas atuais não são tão novos assim, pois Mato Grosso sempre teve enormes desafios, principalmente pela sua localização geográfica menos favorável se comparada aos estados com proximidade portuária.
O Senador Medeiros disse que está enfurecido com a falta de conclusão e duplicação da BR 163. Ampliar e duplicar estradas não significa apenas o desenvolvimento econômico, mas também o social. “Reduz o número de acidentes, como já vimos que caiu pela metade, duplicando um pequeno trecho de estrada aqui no estado. Lá em Brasília sempre se falam em milhões e bilhões, mas nada está vindo para Mato Grosso”, questionou.
“Nunca vi tantos problemas acontecendo ao mesmo tempo no setor produtivo, mas a história dos produtores rurais em Mato Grosso sempre foi marcada por superação e conseguiremos vencer todas as adversidades”, ressaltou o presidente do sistema Famato, Normando Corral, que recentemente assumiu a liderança da Federação Agricultura e Pecuária de Mato Grosso.
O produtor precisa repensar o sistema produtivo, buscar novas alternativas, segundo o presidente da Aprosoja, Endrigo Dalcin, comentou com o Mato Grosso Econômico. “É importante que os produtores se envolvam mais com as entidades representativas. Estamos tentando melhorar em várias frentes: culturas alternativas, mudança no sistema de adubação, aplicação de defensivos agrícolas, plantio e mecanização das propriedades. Acredito que uma das soluções para Mato Grosso é a verticalização. Temos que produzir mais e pensar também em outras culturas como frango, suínos entre outras potencialidades existentes no estado.
Com relação à industrialização de Mato Grosso, Endrigo acredita que isso vai acontecer depois que houver um incentivo maior em relação aos tributos, energia mais barata, mão de obra mais qualificada e melhor logística. O presidente da Aprosoja acredita que um dos pontos importantes para isso acontecer é a reforma tributária e a reformulação do limite de gastos do governo de um modo geral. “Com isso o estado entrará em uma nova rota de desenvolvimento e competitividade, atraindo mais investidores e tendo melhores políticas governamentais e segurança jurídica. O custo está muito alto e a sociedade já não suporta mais soluções que aumentem ainda mais o valor das coisas. A industrialização vai vir por tabela nessa etapa de transição, pois temos o principal, a matéria-prima”, disse.
O ministro da Agricultura Blairo Maggi, presente no evento, ressaltou que este ano é de atenção. “A produção é boa, mas os preços estão baixos, tendência de dólar mais fraco e inúmeras reformas acontecendo no Brasil”, alertou.
O Mato Grosso Econômico avalia que o estado de Mato Grosso merece sua devida atenção no cenário do agronegócio brasileiro, pois a produção regional representa cerca de 26% da produção total do país, que segundo a sétima previsão da CONAB – Companhia Nacional do Abastecimento, divulgada em abril, totalizará 227,93 milhões de toneladas, um aumento de 22,1% em relação à safra passada. A soja e o milho correspondem por 90% do que é produzido no país. Em Mato Grosso, somente a produção de soja será em torno 30,5 milhões, valor superior às 26 milhões de toneladas produzidas na safra anterior. Nacionalmente a estimativa da oleaginosa é de 110,2 milhões de toneladas.
Com relação ao milho em Mato Grosso, o IMEA – Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária, prevê que sejam produzidas 26,51 milhões de toneladas na safra 2016/17, um aumento de 5,85% da última estimativa feita em novembro.
Nos próximos dias importantes assuntos devem ser discutidos no cenário nacional e regional sobre os setores produtivos e empresariais do mercado. Acompanhe o portal Mato Grosso Econômico e fique por dentro dos principais acontecimentos que impactam o desenvolvimento econômico e social de Mato Grosso.