Pesquisadores da Universidade Mackenzie, de São Paulo, estão estudando a aplicação do grafeno em diversos produtos que fazem parte do nosso dia a dia. Inúmeros testes em laboratório estão sendo realizados. O óxido de grafeno foi patenteado pelos cientistas que se preparam para produzir a substância em escala industrial. O composto pode ser utilizado para tornar a água do mar potável e solucionar o problema de escassez de água doce no planeta.
A substância foi descoberta ainda na década de 30 e homologada pela literatura química em 1954. Em 2004 uma equipe de física da Universidade de Manchester identificou que o material pode ser revolucionário e transformar o futuro de como os produtos são produzidos. Desde então, pesquisadores vêm estudando sua estrutura e buscando formas de extrair o grafeno para aplicar na indústria.
O químico e coordenador da pesquisa da universidade Mackenzie, Mauro Terence, ministrou palestra nesta terça (23) na Fiemt, durante o Seminário de Energia – Ideias sustentáveis e eficiência energética, promovido pelo Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica e Gás no Estado de Mato Grosso (Sindenergia), na qual explicou as propriedades e aplicações do grafeno, que promete ser uma solução viável para diversas questões, entre elas o risco de escassez da água potável no mundo.
“Fizemos muitos testes e o grafeno é uma substância filtrante altamente eficaz. Estamos nos preparando para a produção em maior volume e acredito que utilizada em larga escala, é possível purificar a água do mar para abastecer a população”, disse o pesquisador ao Mato Grosso Econômico.
Para se chegar a constatação das aplicações do grafeno e da metodologia eficiente e sustentável foram investidos no Brasil cerca de R$ 200 milhões em pesquisa.
Milhares de cientistas no mundo estudam a substância, no entanto sua extração acaba esbarrando em questões ambientais pelo uso de solventes. Problema que está sendo minimizado pelos cientistas brasileiros, que estão produzindo o grafeno em laboratório de forma segura e sustentável. “Os produtos que usamos para a produção da substância são ‘ecofriend’ e podem ser descartados sem risco ambiental”, explica Mauro.
Além do alto potencial filtrante, o grafeno também é muito resistente e pode ser adicionado em concreto na construção civil, e um excelente condutor e armazenador de energia, podendo ser aplicado em baterias para que retenha maior carga energética. Pode ser utilizado também, em colete à prova de balas com capacidade anti explosão, detectores de câncer, aparelhos eletrônicos (celulares, TVs, entre outros), painéis solares e impressoras 3D.
“Considerando o grande número de pessoas que estão pesquisando essa substância e dizer que a equipe brasileira está desenvolvendo um método para a fabricação do grafeno em escala industrial é uma satisfação muito grande”, ressalta Mauro, coordenador da equipe de pesquisadores do Mackenzie.
Para o presidente do Sindenergia, José Mesquita, é de suma importância oferecer aos associados as novidades e tendências do setor de energia e promover junto a eles o debate para a melhoria da área.
“É nosso papel trazer as inovações e também ouvir as demandas dos empresários do ramo. Levando isso ao governo a fim de buscar apoio para que esses anseios sejam sanados”, ressaltou o presidente à reportagem do Mato Grosso Econômico, lembrando que foi por meio do Seminário que surgiu o projeto da Usina Hidrelétrica de Manso e o balanço energético desenvolvido pelo Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Planejamento Energético (Niepe) e entregue oficialmente neste ano para a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec).
O que é o grafeno
O grafeno é uma das formas cristalinas do carbono. É muito forte, leve, quase transparente, um excelente condutor de calor e eletricidade.
Basicamente, o grafeno é um material constituído por uma camada extremamente fina de grafite. Na prática, o grafeno é o material mais forte, mais leve e mais fino que existe, tendo a espessura de um átomo. Para se ter ideia, 3 milhões de camadas de grafeno empilhadas têm altura de apenas 1 milímetro.
Mais recentemente, empresas de semicondutores realizaram testes a fim de substituir o silício pelo grafeno, devido à sua altíssima eficiência em comparação ao silício.
Uma das aplicações mais recentes do grafeno foi a criação em laboratório de supercapacitores, que podem ser utilizados em baterias e carregam mil vezes mais rápido que as baterias de hoje em dia.
Caso o grafeno consiga ser aplicado em escala industrial pode revolucionar a forma como diversos produtos são produzidos e mudar totalmente a eficiência das coisas que a população usa diariamente como carros, aeronaves, eletrônicos, armazenamento e transporte de energia e até mesmo a filtragem da água do mar.
É uma das grandes descobertas da humanidade e os pesquisadores brasileiros estão empenhados nos estudos e aplicações práticas dessa substância.