Nesta segunda-feira (12) foi realizado em Cuiabá, um importante evento para debater o agronegócio de Mato Grosso e do Brasil. O Gazeta Agro, organizado pelo grupo Gazeta de Comunicação debateu temas de desenvolvimento do setor e reuniu três ministros, governador do estado, presidentes de entidades do setor produtivo com representatividade regional e nacional, além de produtores rurais, empresários, estudantes e jornalistas.
O ministro da fazenda Henrique Meirelles trouxe um panorama do atual cenário da economia e as perspectivas para este ano. O Mato Grosso Econômico acompanhou o evento e traz para você alguns dos principais assuntos debatidos.
Conhecido como o ‘homem que está tirando o Brasil da crise econômica’ Meirelles tentará se eleger ao cargo de presidente nas eleições deste ano e mostrou números positivos de retomada do crescimento do país e do estado de Mato Grosso.
“Em 2015 e 16 o PIB do Brasil fechou negativo, em aproximadamente -3,5%. Já em 2017 encerrou positivo em 1% e para este ano, a expectativa é de 3%. Vocês podem acompanhar nos gráficos que estou mostrando e ver a recuperação que o Brasil está tendo”, afirma a ministro em sua palestra.
Além da queda da inflação e taxa de juros, geração de mais de 1,5 milhão de novos postos de trabalho e diminuição do desemprego no país, o ministro mostrou que o estado de Mato Grosso também tem apresentado bons indicadores de crescimento econômico.
“No ano de 2017 em comparação ao anterior, o estado de Mato Grosso gerou mais emprego, a produção industrial cresceu, o varejo melhorou acima da média nacional, o setor de serviços também cresceu, além do próprio agronegócio que fica a cada dia mais forte e representativo”, apontou Meirelles nos gráficos apresentados.
O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Blairo Maggi fez um panorama sobre a abertura de mercados internacionais do agronegócio e os desafios enfrentados. Lamentou também, a falta de respeito ocorrida no início do evento de um pequeno grupo de estudantes ambientalistas que jogou milho nas autoridades do setor acompanhado do grito “o agronegócio mata”.
Posteriormente, Blairo reforçou que o agronegócio realmente ‘mata’, quando não cumpre o seu papel de alimentar 8 bilhões de pessoas no mundo, ‘mata’ quando não cumpre seu papel social e ambiental seguindo as leis corretamente, ‘mata’ quando não cumpre seu dever de gerar emprego, renda e desenvolvimento nas cidades.
“Fazemos a nossa parte e o país tem feito um importante papel no agronegócio para o desenvolvimento econômico e social. Na década de 70 o Brasil era importador de alimentos e hoje é uma potência no setor abastecendo diversos países do mundo com produtos de qualidade a preços competitivos”, destaca Maggi.
O ministro disse ainda, que o maior desafio para Mato Grosso está na logística e verticalização da produção, para escoar 60 milhões de toneladas produzidas e também industrializar uma parte disso, visando gerar mais emprego e renda para os municípios. Entretanto, nas cidades do interior do estado com vocação ao agronegócio já é visível que o setor gera muitos empregos e desenvolvimento nas regiões onde atua, movimentando diversos setores econômicos relacionados.
Por se falar em dificuldade logística, a conclusão da BR-163 prometida há muitos anos pelo setor produtivo foi cobrada pelo governador Pedro Taques, que convidou o ministro Henrique Meirelles a fazer uma viagem de carro de Sinop a Miritituba para saber da realidade. “Faltam menos de 100 km para concluirmos um trecho importante que vai ligar Mato Grosso ao Pará criando um corredor de escoamento da safra mato-grossense. Convido vossa excelência para colocar o ‘pé no barro’ com a gente e ver de perto a situação”, disse o governador ao ministro, reforçando ao setor produtivo que o governo do estado fez 2.600 km de estradas em sua gestão.
Taques cobrou também do ministro da Fazenda, que o pagamento do FEX seja feito no primeiro semestre e não no final do ano, pois dificulta o caixa do governo e pagamento dos compromissos. “Todo ano temos que ficar com o ‘pires na mão’ implorando um recurso pequeno diante da enorme desoneração que a Lei Kandir proporciona. Além de antecipar o prazo é importante também fazer uma revisão na lei para termos um fundo de compensação maior e mais justo devido ao volume exportado e perda de arrecadação do estado.”, completa o representante do poder executivo estadual.
O ministro da fazenda Henrique Meirelles disse que vai analisar a questão do prazo, para tentar antecipar o FEX à Mato Grosso “Temos que avaliar o caixa e ver se é possível, mas vamos tentar sim”, comentou Meirelles.
Vale ressaltar que desde o início da Lei Kandir, nos últimos 20 anos (entre 1996 e 2016), Mato Grosso deixou de arrecadar R$ 39,41 bilhões, segundo especialistas e foram devolvidos pelo governo federal apenas R$ 4,49 bilhões. Se o valor for corrigido pelo IGP-DI, a perda chega a R$ 50,1 bilhões nessas duas décadas. Atualmente o estado recebe por ano, a média de R$ 500 milhões do FEX.
O ministro do Meio Ambiente também esteve presente no evento e destacou algumas ações positivas realizadas. “Reduzimos 16% o desmatamento na Amazônia e 28% nas unidades de conservação. Também desburocratizamos diversas coisas no ministério que facilitaram operações de crédito dos estados diretamente com instituições internacionais”, disse.
Os ministros e representantes do poder executivo e entidades de classe apresentaram resultados positivos em suas respectivas áreas, porém vale lembrar que 2018 será desafiador, por ser um ano eleitoral e importantes reformas ainda não terem tido o avanço na pauta parlamentar e congressista, como a reforma tributária e previdenciária. Com a dificuldade orçamentária enfrentada nas esferas municipal, estadual e federal resta saber quais serão as soluções para aumentar a receita pública, gerar emprego e ganhar popularidade mesmo com medidas de austeridade mais incisivas.
Em Mato Grosso, por exemplo, já começou a entrar em discussão um fundo de estabilização fiscal proposto pelo governo do estado que não está sendo visto com bons olhos pelos setores do agronegócio, indústria e comércio. Embora a proposta do fundo seja de vigência com prazo limitado a 36 meses, muitas entidades de classe e empresários estão vendo a proposta como um “novo imposto” disfarçado de fundo temporário. Isso pode comprometer ainda mais a popularidade do atual governador perante os setores econômicos e dificultar seu apoio na reeleição como chefe do executivo de Mato Grosso.
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