Mato Grosso está com um grupo de trabalho que está elaborando uma norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), com validade nacional, de padronização do uso de resíduos de madeira como combustível.
A formalização foi entregue essa semana ao presidente da Federação das Indústrias no Estado de Mato Grosso (Fiemt), Jandir Milan.
O grupo, denominado GT-CDR Madeira, é parte da recém-criada Comissão de Estudo de Combustível Derivado de Resíduos (CE-177:003.001), atende a uma solicitação da Fiemt e será coordenado por ela. A Comissão geral deverá ser instalada formalmente no início de abril. Ela faz parte do Subcomitê de Resíduos Sólidos, que integra o Comitê de Saneamento Básico da ABNT (CB-177). Em sua composição, devem ser incluídos, obrigatoriamente, representantes de fornecedores e consumidores do material, além de atores neutros – como estudiosos ou representantes de universidades.
A ABNT vai orientar todo o processo de elaboração da norma, que, além de valer para todo o país, vai subsidiar também a elaboração da norma internacional – uma vez que sua criação segue os padrões da ISO.
O vice-presidente do Conselho Deliberativo da ABNT, Mauro William Esper, destaca o ineditismo da inciativa e lembra da importância dessa normatização. "Estamos falando de um combustível que é biomassa, ou seja, carbono zero. Não gera efeito estufa", destaca. Ele citou ainda o imenso potencial Mato Grosso no uso dessa energia, na qual o Brasil é pioneiro, com uma estimativa de geração anual de seis milhões de toneladas de resíduos. Esses resíduos – no caso da madeira, pó de serra, aparas, maravalha e outros – podem ser usados na geração de energia, em caldeiras, fábricas de cimento e esmagadoras de soja, por exemplo.
A criação do GT no Estado foi comemorada pelo setor de base florestal. O presidente do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem), Rafael Mason, participou da reunião e será o interlocutor da Fiemt com a ABNT para conduzir o GT-CDR Madeira. “Hoje, existe muita variação de formato, tamanho, umidade do resíduo. Com a criação da norma, será possível padronizar, pois existe mercado para comercialização”, afirma.
Para Jandir Milan, a normatização virá ao encontro da necessidade do setor, pois a destinação do resíduo é hoje um de seus principais problemas. “Usando o resíduo como combustível, uma indústria pode gerar sua própria energia ou parte dela, ajudando a reduzir a despesa com um dos insumos mais impactantes no custo de produção”, destaca. Ele defende ainda a celeridade do processo. "Vamos trabalhar para que o Grupo de Trabalho seja muito objetivo, de modo que esta norma esteja pronta em um ano", conclui.