Desde 2017 as mulheres têm investido mais na abertura de empresas e são a maioria entre os trabalhadores com carteira assinada, conforme pesquisas do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) e o Anuário do Trabalho nos Pequenos Negócios.
Segundo esse levantamento, as mulheres representam 24 milhões de empreendedoras no Brasil, número pouco inferior ao universo masculino, que é de 25,4 milhões. No entanto, entre os pequenos negócios iniciados nos últimos três anos e meio, elas lideram o ranking, com 14,2 milhões em relação aos homens, que somam 13,3 milhões. Contudo, elas ainda ganham menos que os homens, apesar de serem mais escolarizadas.
Um dos aspectos apontados é a flexibilidade para administrar o tempo no dia a dia. “Esse é um sonho e ao mesmo tempo o ponto que exige mais disciplina das mulheres, saber organizar bem o tempo é fundamental para ter sucesso no negócio e equilíbrio na vida pessoal”, explica a professora de empreendedorismo da UniCarioca Ana Luiza Azevedo. “Não é um caminho fácil, é preciso saber delegar funções e administrar como qualquer outro empreendedor”.
Mães Empreendedoras
A maternidade é um dos fatores ou impulso para as mulheres empreenderem como aponta a pesquisa Quem São Elas, publicada em 2016 pela Rede Mulheres Empreendedoras. De acordo com os dados, 55 % dessas mulheres são mães e, entre elas, 75% decidiram empreender após a maternidade.
Para Ana Luiza, uma das características dessas mães empreendedoras é buscar um mercado mais colaborativo e também focado no impacto social. “Claro, muitas mulheres fazem comida em casa para vender, mas observam que muitas apostam na inovação e têm usado as novas tecnologias a favor de seu negócio e de outras mães”.
Justamente foi o foco de Cassiana Buosi, criadora do Talkb4, uma plataforma de aprendizagem colaborativa sobre assuntos delicados. Nela, os adultos, pais e professores são preparados para falar com crianças e jovens adolescentes sobre assuntos delicados e que muitas vezes os mais novos não aprendem em casa. Um exemplo disso foi trazido na capa da revista Wired americana, com a seguinte manchete: “Armadilha para pais: Suas crianças verão pornô. Lide com isso”.
Cassiana começou a empreender aos 12 anos, queria ter o seu dinheiro. Primeiro a menina começou vendendo produtos da Natura, depois passou a produzir as próprias bijuterias e vendia para as colegas da escola. Chegou até a criar uma marca para o seu produto. “Eu sempre tive esse espírito empreendedor, mas aos 16 anos tive a oportunidade de trabalhar na Volkswagen”, diz.
Entre idas e vindas, foram mais de 20 anos atuando em diferentes setores da empresa, mas veio o desejo de engravidar. “Estava com 32 anos, pensando em ter um bebê. Comecei a planejar o que gostaria de fazer, meu problema era o excesso de ideias”.
Com o apoio da Rede Mulheres Empreendedoras, Cassiana percebeu que poderia usar o seu perfil de empreendedora e consultora em um negócio de impacto social. “Passei a ler muito, principalmente artigos internacionais, sobre o futuro dos relacionamentos, tecnologia e percebi que precisava sinalizar para a sociedade questões que não estão sendo discutidas, mas são importantes para os nossos filhos e as futuras gerações”.
Especialistas e adultos (pais, educadores, etc) discutem assuntos delicados como sexo, depressão, suicídio entre outros com o objetivo de preparar os educadores para essa nova geração.
Dessa necessidade de explicar ou orientar as crianças nasceu a Timokids pelas mãos da advogada Fabiany Lima. A startup nasceu depois que as filhas gêmeas de Fabiany nasceram. “Percebi a falta de entretenimento saudável online e opções de leitura digital para as crianças, trabalho com tecnologia há 20 anos e decidi criar uma ferramenta que contém historinhas e atividades para introduzir temas difíceis na vida das crianças usando a linguagem dos pequenos”.