Nesta quinta-feira (7), foi realizado no Grand Odara Hotel em Cuiabá, o 11º Circuito Aprosoja. O evento reuniu palestrantes nacionais para falar da conjuntura econômica e política do Brasil e os impactos no agronegócio.
O presidente da Aprosoja Endrigo Dalcin, disse que este é um importante evento para contextualizar a todos sobre o cenário que estamos vivendo.
Endrigo falou à reportagem do Mato Grosso Econômico sobre a recente projeção nacional da produção de grãos, divulgada pelo IBGE. A estimativa é que a produção seja 8,6% menor na safra 2016/17. Ano passado a safra brasileira registrou 209,4 milhões de toneladas. Dalcin fez um balanço do cenário de Mato Grosso com este novo levantamento. “A safra de soja teve um milhão e meio de tonelada a menos, a safra de milho está com uma estimativa de quebra de seis milhões de toneladas e este número pode ser ainda maior. “Isso é muito preocupante porque as vendas foram feitas e a demanda interna está aquecida, então pode causar um problema de abastecimento no mercado interno de milho”, disse Endrigo. Sobre o novo plano safra que vai injetar mais de R$ 100 bilhões no agronegócio brasileiro, o presidente da Aprosoja disse se sentir animado. “Isso vai ajudar os produtores a manterem o custeio, mas temos que acompanhar as questões gerais da conjuntura do agronegócio”, completou Dalcin.
O Mato Grosso Econômico entrevistou também Gustavo Loyola, economista e ex-presidente do Banco Central. Ele foi um dos palestrantes que relatou o cenário econômico e as projeções para o Brasil nos próximos anos. Loyola refletiu que a cautela nos investimentos, devido ao momento de crise, não deve significar que o mercado deve ficar parado, senão a crise pode aumentar ainda mais. O ex presidente do Banco Central contextualizou também à reportagem, sobre um assunto que tem sido discutido em Mato Grosso, a taxação das commodities. “Com a taxação do setor produtivo o Brasil acaba perdendo um pouco a competitividade, aumentando custos e diminuindo margem, desestimulando o produtor rural e consequentemente a produção agrícola. O problema do agronegócio brasileiro está muito mais da porteira pra fora do que da porteira pra dentro. Precisamos ter investimentos em infraestrutura para assegurar que a produção seja levada ao exterior. É necessário também em paralelo, haver um aumento na industrialização nacional”, disse Loyola.
O economista acredita na retomada do crescimento brasileiro a partir de 2017 e um melhor resultado em 2018, mas para que isso seja alcançado é necessário fazer um ajuste fiscal e realizar reformas importantes, como a tributária e previdenciária. “O Brasil passa por uma crise, mas as instituições estão funcionando. A equipe econômica de Brasília é competente e acredito que o presidente Michel Temer está disposto a fazer as medidas necessárias para o país retomar o crescimento” completou Gustavo.
A jornalista Eliane Cantanhê, colunista do jornal o Estado de São Paulo e comentarista do programa Globo News em Pauta, disse que o atual governo teve um grande acerto na escolha da equipe econômica e que está provocando expectativas de melhora tanto na opinião pública como no mercado. Por outro lado, Temer está tendo um grande desafio político, pois precisa aprovar medidas muito rígidas como a reforma política, da previdência entre outras. Uma das medidas é a meta fiscal anunciada ontem (7) que terá um rombo de R$ 139 bilhões. Esta proposta ainda vai dar muita polêmica no Congresso Nacional.
A dúvida é o que acontecerá nas eleições de 2018, pois diversos políticos do poder e da base aliada foram atingidos pela operação Lava Jato, além de outras investigações que estão acontecendo. Estas operações não estão poupando nenhum dos grandes políticos como Aécio Neves e Marina Silva que recentemente teve algo pequeno publicado pela mídia. Até o falecido Eduardo Campos está sendo alvo de investigações com a operação turbulência.
Eliane disse à reportagem do Mato Grosso Econômico que estamos vivendo uma crise econômica, política e ética. “Uma coisa vai pressionando a outra e empurrando para baixo. Estamos num momento de sair do fundo do poço, mas por um lado é bom, pois a mudança é necessária e a perspectiva de futuro fica cada dia melhor”, disse. Eliane comentou também que é importante haver uma solução definitiva para o Brasil ter apenas um governante, pois da forma que estamos, com um presidente em exercício e outro afastado, faz com que os investidores fiquem cautelosos. “Temos que resgatar a confiança e credibilidade do Brasil no mercado nacional e internacional”, finalizou Eliane.