O último boletim semanal com o preço dos combustíveis, divulgado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), apenas deu dimensão ao peso que os mato-grossenses sentem no bolso a cada abastecida. Somente considerando o etanol hidratado – que até 2020 era o combustível mais consumido por proprietários de veículos ‘leves’ – há majoração de 55,21% comparando os valores médios de outubro desse ano com o consolidado durante todo o mês de 2020.
Em outras palavras, o preço do litro do etanol no varejo mais que dobrou. Antes da pandemia, o etanol era encontrado a R$ 2,19. Há dez anos, o biocombustível vinha sendo a matriz mais vantajosa no Estado, quando comparada à gasolina. A alta acelerada de preços tornou 2021 um ano atípico, rompendo pela primeira vez nesse período o atrativo da competitividade econômica já cativa ao etanol.
De fevereiro para março desse ano, o etanol rompeu a casa dos R$ 4,00 tendo aumentado 27% apenas na passagem do mês de referência, segundo noticiado pelo Mato Grosso Econômico.
Em outubro o valor médio do etanol encontrado pela ANP nos postos de Mato Grosso já é de R$ 4,52. Nos 30 dias do mesmo momento do ano passado, a média de bomba foi de R$ 2,912.
No País, o reajuste anual foi ainda mais pesado, subiu 58% desde outubro de 2020. Conforme a própria ANP, o etanol perdeu a vantagem financeira frete á gasolina em todos os estados brasileiros.
Em Mato Grosso, setembro fechou com a média do litro do etanol representando 74% do valor médio de bomba da gasolina. Já em outubro, a diferença é levemente menor, de 73,65%, mas mantém o etanol em desvantagem sobre o derivado de petróleo.
Em setembro, o etanol fechou com média de R$ 4,545 no Estado e a gasolina a R$ 6,134. Dividindo o valor do primeiro pelo segundo há um resultado de 74%. Ou seja, o etanol equivale a 74% da gasolina, perdendo sua vantagem econômica. Em agosto eram 72% e neste início de outubro já chega a 73,65%, já a média do hidratado é de R$ 4,520 e do derivado de petróleo, R$ 6,137.
A conta básica considera apenas o valor médio apontado pela ANP. Nas máximas o litro do etanol chega a R$ 5,597 e o da gasolina a R$ 6,869, em Alta Floresta, a 800 quilômetros ao norte de Cuiabá, local apontado como o mais caro entre os pontos monitorados pela Agência, em Mato Grosso.
ETANOL OU GASOLINA? – A conta simples que os consumidores costumam fazer para ver se vale ou não a pena usar etanol nos carros flex pode ser deixada de lado por enquanto. Em todos os estados do Brasil, não compensa a aposta na primeira opção.
Ainda que o desempenho de alguns carros modernos, vendidos no país, desminta a eficácia dessa regra, se o etanol custa até 70% do preço da gasolina, ele será o combustível mais econômico, mesmo rodando menos quilômetros com litro. Se está acima dessa marca, a gasolina é a melhor escolha. O Mato Grosso Econômico publicou uma matéria mostrando como fazer esse cálculo, veja mais aqui.
No Amapá, o estado fora da curva no boletim de sábado, a proporção é de 109%. No Rio Grande do Sul, onde um posto de Bagé vende o etanol mais caro do país, a R$ 7,099, a conta fica em 97,54%.
Os dois estados que mais se aproximam da marca de 70% estão no Centro-Oeste: Goiás, 74,31%, e Mato Grosso, 73,65%.
No período de um ano, o preço de todos os combustíveis subiu bem além da inflação (de 10,25%, segundo o IBGE). O etanol saltou de R$ 3,006 para R$ 4,775 (58,84% a mais), a gasolina comum foi de R$ 4,358 para R$ 6,117 (40,36%) e o óleo diesel, que era R$ 3,454 o litro, agora está em R$ 4,961 (43,63%).
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