Quem curte uma cervejinha artesanal, tem aproveitado o crescimento do mercado no Brasil. Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Cervejarias Artesanais (Abracerva) mostra que esse ramo de negócio está crescendo.
“A grande maioria desses mil negócios está concentrada na Região Sul e Sudeste do País. As demandas que surgiram nas pequenas cidades de interior possibilitaram que cervejarias de menor porte ganhassem força de forma regional”, disse o presidente da Associação Brasileira de Cervejarias Artesanais (Abracerva), Carlo Lapolli.
Só no ano passado nasceram 210 novas fábricas, representando um incremento de 30% sobre o ano anterior. No entanto, para Lapolli, o ritmo de crescimento desses negócios perdeu fôlego depois da crise econômica. “A luta das pequenas cervejarias artesanais tem sido justamente estabelecer um preço competitivo em relação as grandes indústrias. Com isso, esses negócios encontram mais espaço nas cidades de interior, onde a valorização dos produtos locais ainda é forte”, complementou o dirigente. Um dos exemplos de agente que atua nesse sentido é a cervejaria Alles Blau, que foi fundada na cidade de Blumenau, em Santa Catarina. “Identificamos alguns gargalos em algumas regiões do País em termos de oferta. Estamos planejando a abertura de fábricas no Nordeste, especificamente na Paraíba ou Pernambuco para facilitar a logística e abastecimento das futuras unidades nesses locais”, argumentou o diretor da cervejaria, Davi Zimmermann.
De acordo com o executivo, o percentual de participação do segmento de cervejas artesanais representa atualmente apenas 1,5% dentro do mercado total. “Nosso desafio é democratizar o consumo dessa categoria de produto desde os grandes centros até cidades menores”, afirmou ele, destacando que o negócio lançou modelos de microfranquia para atuar em pontos de venda diferentes. Segundo o executivo, o faturamento do negócio em 2018 foi de R$ 6 milhões e, para este ano, deve “duplicar” por meio de novas aberturas. Fusões Com o objetivo de fortalecer a atuação regional das cervejas artesanais, as empresas Leuven e Schornstein anunciaram ontem (01) fusão entre as operações. O resultado da união será a criação da Companhia Brasileira de Cerveja Artesanal (CBCA). “A ideia é inverter a lógica atual, de microcervejarias com grande capacidade produtiva concentrada em um único local e montar uma estrutura capilarizada, com fábricas de médio porte espalhadas pelo Brasil e distribuição otimizada”, afirmou o presidente da Leuven, Gustavo Barreira. Ele diz que o portfólio do novo negócio está sendo “arquitetado” e prevê a construção de uma fábrica na Bahia. Para o diretor executivo da Schornstein, Adilson Altrão, outros aspectos que devem ser revistos dizem respeito à carga tributária aplicada às cervejarias artesanais. “O poderio econômico dessas corporações é muito grande e, ironicamente, a questão tributária passa a ser determinante para nosso segmento”, argumentou ele, ressaltando que muitas cervejarias ainda funcionam na ilegalidade, o que prejudica a concorrência no setor.
Por fim, o empresário declarou que o faturamento de 2018 girou em R$ 20 milhões. Para este ano, a expectativa é de alcançar receita de R$ R$ 23 milhões com a Schornstein.
Em Mato Grosso também está havendo expansão das cervejarias. Por muito tempo, o estado foi apenas um distribuidor das grandes marcas e hoje já conta com cervejarias locais de marcas próprias em vários municípios, incluindo Cuiabá, Várzea Grande e Nova Mutum.