No período de 13 a 14 de novembro, o Conselho de Consumidores de Energia Elétrica do Estado-Concel MT esteve presente com dois representantes no 4º Congresso Brasileiro de Geração Distribuída em Olinda PE, os conselheiros Edivaldo Belisário – presidente em exercício e o conselheiro Teomar Estevão Magri.
O CBGD – Congresso Brasileiro de Geração Distribuída é um evento anual coordenado e organizado pelo Grupo FRG Mídias & Eventos, que conta com o apoio das principais associações e entidades ligadas ao setor da Geração Distribuída no Brasil, estando já em sua 4ª edição. O Congresso tem papel fundamental nesta nova fase da Matriz Energética Brasileira, onde a busca por tecnologias limpas para geração de energia, se faz urgente para garantir o futuro e o crescimento do país.
A Geração Distribuída, em que o consumidor, denominado de prosumidor, gera sua própria energia junto à carga ou conectada diretamente à rede de distribuição, reúne as diversas fontes de energias renováveis como hídrica, eólica, biomassa e principalmente a energia solar fotovoltáica que vem sendo considerada a fonte mais democrática para a sociedade com a utilização em áreas rurais, centros urbanos e comunidades isoladas.
Além de várias palestras técnicas, o evento contou com uma feira paralela, onde diversos fabricantes puderam expor seus produtos, mostrar as novas tecnologias, tendências e fazer negócios. Segundo a coordenação do evento foram mais de dois mil inscritos e expectativa de negócios em torno de R$ 200 milhões. São fabricantes de painéis fotovoltaicos, inversores, equipamentos de tele-monitoramento, sistemas de armazenamento de energia, estruturas de ferragens e suportes, trazendo o que há de mais moderno e eficiente nas tecnologias atualmente utilizadas no mundo. E como toda esta tecnologia vai estar conectada com outras soluções como as smart grids-redes inteligentes e eletromobilidade, já que as energias renováveis, principalmente a energia solar devem ser o centro de todas estas soluções.
O potencial de geração solar é enorme. De toda a energia recebida do Sol pela Terra, consumimos apenas uma pequena parte. A relação entre o que recebemos e o que consumimos é cerca de 75 mil vezes. Neste contexto, a geração distribuída de energia com ênfase na energia solar fotovoltaica se apresenta como uma das alternativas para o consumidor gerar sua energia com preços bastante atraentes. O potencial solar do país é de cerca 28.500 GigaWatts e somente agora atingimos 1,5 GigaWatt de micro e minigeração distribuída. A China com 176, EUA com 62, Japão com 56, Alemanha com 45, Itália com 20 e França com 9 Giga Watts lideram esta modalidade de geração de energia no mundo. O Brasil está ainda muito atrasado e é preciso continuar incentivando este segmento, até que se atinja patamares internacionais de 5 a 10% da Matriz Elétrica. Desde 2012 já foram investidos espontaneamente pelos consumidores cerca de R$ 8 bilhões no país num momento que se precisa criar empregos e diversificar a Matriz de Geração de Energia. Já são cerca de 12 mil empresas no país gerando cerca de 100 mil empregos diretos e indiretos na chamada cadeia produtiva do “emprego verde”.
Foram apresentados os aspectos técnicos da evolução e eficiência dos painéis fotovoltaicos e a contínua queda nos seus preços. Atualmente os projetos já estão se pagando na média em quatro anos. Existem hoje no país cerca de 130 mil consumidores, ou prosumidores gerando sua própria energia num potencial de 84 milhões de consumidores cativos em que somente podem adquirir energia das distribuidoras. É preciso liberdade para estes consumidores com o custo das tarifas e impostos tão altos!
Aliás, um dos pontos bastante discutidos no evento foi a proposta de alteração da Resolução 482 da Aneel em que a geração distribuída perde atratividade e pode, de forma precoce, inviabilizar os investimentos notadamente da energia solar em que o índice de penetração é ainda de apenas 0,2%. Foi ressaltado e bastante enfatizado que os estudos da Aneel para revisão da “482” é frio e meramente tarifário, sem considerar as externalidades como alívio de demanda, geração de empregos, redução de perdas, postergação de investimentos em geração, transmissão e distribuição, redução de geração térmica, aspectos ambientais e etc.
Quase que por unanimidade foi destacado que existe uma grande pressão das Distribuidoras para taxar a Geração Distribuída. O receio, no entanto, das distribuidoras em relação ao crescimento da energia solar fotovoltaica pode ser comparado com o que se viu no Brasil e no mundo. Crescimento e consolidação dos aplicativos de serviços em detrimento a alguns negócios mais conservadores como táxis e Uber; hotéis, imobiliárias e AirBnb; bancos e fintechs; restaurantes e iFood; empresas de logística e Loggi; telegramas, cartas e WhatsApp; locadoras de vídeos e Netflix e assim por diante.
Dentre as muitas empresas presentes no evento, sejam fabricantes ou prestadoras de serviços, foi possível constatar que a Geração Distribuída trata-se de um grande mercado ainda a ser explorado no país e que empresas já consolidadas em outros setores da economia buscam sinergias com o mercado de energias renováveis, como é o exemplo da Fort Lev, fabricante do ramos de armazenamento de água e presente no evento com sua nova marca no segmento de energia solar fotovoltaica, diversificando seus investimentos.
Por fim, o evento foi fundamental para proporcionar aos profissionais e empresas que atuam ou que queiram ingressar neste segmento, conhecimentos nas áreas técnica, tecnológica, comercial, jurídico e regulatório para desenvolver suas atividades de forma mais eficiente e profissional, já que trata-se de uma nova modalidade de negócios onde somente os mais preparados num mercado cada vez mais exigente e competitivo sobreviverão para oferecer soluções adequadas ao perfil de cada consumidor seja na classe residencial, comercial, industrial, rural ou poder público. Um dos participantes do Encontro de Conselhos de Consumidores realizado em Olinda-PE foi Teomar Estevão Magri, Engenheiro Eletricista com MBA em Gestão de Negócios, Especialista em Energia e membro do Conselho de Consumidores de Energia Elétrica de MT-Concel.
“Este Congresso já é considerado o principal evento de geração distribuída por fontes renováveis da América Latina. Uma grande oportunidade para as empresas, profissionais e sociedade debaterem o assunto energia, trocarem experiências e colocar o país em destaque através das novas tecnologias. Quando se tenta frear a democratização da geração de energia pelos consumidores, a tecnologia se vinga. As baterias vão vir mais fortes e competitivas, devendo ser acelerados novos modelos com custos mais reduzidos nos próximos anos. As empresas neste segmento permanecerão no mercado pela capacidade de inovação para atender as expectativas e demandas dos consumidores de energia, cada vez mais exigentes e em busca de qualidade, energia limpa/renovável, tecnologia e preços acessíveis. Ganha o país, ganha a sociedade e ganha o meio ambiente”.