Os servidores dos Correios iniciaram uma greve geral nesta quarta-feira (11/09), por tempo indeterminado. A paralisação é nacional. Em Mato Grosso, o Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Mato Grosso (Sintect-MT) aponta que o movimento atinge a maioria das agências dos 141 municípios. No estado são 1.300 servidores e 100 mil em todo Brasil. A decisão pela greve foi tomada em assembleias estaduais realizadas no dia 10.
O movimento foi deflagrado pela determinação do Governo Federal em privatizar os Correios. Desde que assumiu o cargo, ministro da Economia Paulo Guedes tem reiterado que pretende privatizar todas as estatais brasileiras. Segundo o ministro, o presidente Jair Bolsonaro apoia a privatização e cobra o secretário de desestatização, Salim Mattar, para que os processos aconteçam rapidamente.
Segundo o Sintect-MT informou ao MT Econômico, aproximadamente 600 mil encomendas e correspondências deixaram de serem entregues somente no primeiro dia de greve em todo o Estado.
A decisão pela paralisação veio depois que os servidores deixaram de receber uma série de direitos previstos no acordo coletivo, que não foi renovado este ano. Entre estes direitos estão o auxílio alimentação e a reposição salarial da inflação do último ano.
O diretor do Sintect-MT, Irineu Sampaio da Silva, explicou ao MT Econômico que o Governo Federal deveria ter renovado o acordo coletivo até o dia 31 de julho, mas a diretoria da estatal protelou a renovação até que o prazo vencesse. Sem a renovação, o acordo perdeu a validade e desde o dia 01 de setembro a categoria perdeu 77 cláusulas (benefícios) inclusas no acordo.
Para o sindicalista, esta foi mais uma manobra do Governo Federal para enfraquecer os Correios e seus servidores, visando a privatização. “O governo federal tem divulgado que a empresa é deficitária, mais não é como o governo fala. Tem agências deficitárias, mas que prestam um serviço público e necessário ao cidadão. Os correios não é uma empresa que precisa dar altos lucros, já que presta um serviço de necessidade pública”.
O Sindicato aponta que a sociedade em geral será a grande prejudicada se houver a privatização dos serviços, isto porque em muitas cidades as agências são deficitárias financeiramente, não havendo interesse do setor privado em administra-las, o que provocaria o fechamento das mesmas. De acordo com o Sintect-MT, as agências menores não geram lucro suficiente e são mantidas por agências maiores. A função dessas agências é manter o “papel social de interligar pessoas”.
“Os Correios, como empresa nacional, funcionam com subsídio cruzado. Por exemplo, Cuiabá, que é superavitária, suporta manter uma agência em Santo Antônio do Leverger, que é deficitária porque não é o lucro pelo lucro. Em Mato Grosso, em 60 municípios de Mato Grosso as agencias são consideradas deficitárias financeiramente.
“Muitos municípios correm o risco de ficar sem o serviço de entregas de correspondências e encomendas e sem agência bancária, pois em cidades pequenas que não tem serviços de bancos, como Caixa Econômica e Banco do Brasil, são os Correios que cumprem essa função”, destaca Irineu à reportagem.
Se o Governo Federal insistir no projeto de privatização, no caso dos Correios isto deve ser feito de forma setorial, acredita o Sindicato, isto é, cada setor da empresa pode ser vendido separadamente, como distribuição, entregas, atendimento, etc. Além da precariedade nos serviços que a ação poderá acarretar, outro temor da categoria é a demissão em massa de funcionários, especialmente dos que estão há mais tempo no serviço e próximo a aposentadoria.
Apoio da sociedade
Para evitar que o projeto de privatização seja levado adiante, os servidores da estatal pretendem sensibilizar e contar com o apoio da sociedade. “Isto já ocorreu no Canadá, por exemplo, o governo pretendeu privatizar a empresa de lá, mas os empregados e a população juntos e mobilizados, conseguiram contornar e a empresa continuou como estatal”.
O Sintect trabalha para que todas as agências em Mato Grosso entrem em greve nos próximos dias. Em Cuiabá e Várzea Grande estão previstas manifestações todos os dias pela manhã. Nesta quinta-feira (12), os servidores se reunirão no Centro de Distribuição do Cristo Rei, em Várzea Grande.