Diretor Regional da Plaenge Empreendimentos de Mato Grosso, Rogerio Fabian Iwankiw conversou com o MT Econômico sobre o cenário do mercado imobiliário e da construção durante o período da pandemia do novo coronavírus.
Além das consequências econômicas, ele pontuou quais foram as alternativas encontradas para driblar o período de isolamento social e minimizar os impactos operacionais da empresa.
“Existem setores que estão sofrendo bem mais, tem gente que está se mantendo o que era, está continuando com os planos. A mudança não pode assustar ou paralisar a gente, se a mudança paralisar alguma coisa está errada”, disse.
Confira a entrevista especial na íntegra realizada pelo MT Econômico.
MT Econômico: Quais foram as principais transformações percebidas na construção civil com a chegada do novo coronavírus?
Rogerio – Plaenge: Tem uma figura de linguagem que eu ouvi e me convenceu sobre o que está acontecendo. Nós estávamos em uma estrada pegando velocidade e de repente a gente se deparou com uma ponte caída. Agora a gente tem que construir essa ponte para o fluxo continuar seguindo, mas a gente também precisa encontrar outro caminho.
MT Econômico: Quais seriam esses caminhos?
Rogerio – Plaenge: A digitalização, como você chega no seu cliente. A mudança não é novidade porque o mundo vem transformando a todo momento. Atualmente, a gente está se deparando com uma mudança mais rápida por conta da pandemia. Hoje nós temos membros da equipe em home office, por falta de espaço físico para atender o distanciamento. Nas obras estamos com a equipe normal, tomando todos os cuidados. Mudamos o horário de entrada dos funcionários, dividimos em turnos. Tem gente que entra mais cedo, tem gente que entra no horário normal e alguns colaboradores entram mais tarde, para evitar aglomeração nos horários de intervalo. Isso além de álcool em gel, higienização e um trabalho de conscientização que está sendo feito com todos.
MT econômico: Como ficou o contato com os clientes?
Rogerio – Plaenge: Nós tivemos agora no meio da pandemia a entrega de um empreendimento que envolvia aglomeração. É preciso fazer assembleia, reunir as pessoas. Normalmente é um evento festivo que vai toda a família, um coquetel, uma festa. Mas nós tomamos todos os cuidados, preparamos a assembleia no ambiente aberto com espaçamento de 3 metros entre as cadeiras. Solicitamos que viesse apenas um representante por apartamento e foi tudo bem. Nós estamos conseguindo realizar vendas 100% online a ponto de não ter nenhum contato pessoal. Encontramos também um cliente muito mais apto a receber informações no período da quarentena, por ele estar em casa, com mais tempo para nos ouvir.
MT Econômico: Quais foram os impactos mais significativos?
Rogerio – Plaenge: Pessoas tiveram seus negócios impactados, muitos clientes nossos são empresários. Com isso, tivemos um aumento no volume de distratos. Se eu pegar o número que a gente vinha vendendo em janeiro, fevereiro e março comparado com abril, a gente teve uma redução acima de 40% no volume de vendas de maneira geral. Outras pessoas decidiram interromper um sonho por não saber o que vai acontecer pela frente. Atrasos de parcelas, tivemos volume grande em março por conta disso, mas os contratos que passaram para maio surpreendentemente tiveram bastante adimplência.
Nós não tivemos impacto a não ser pelo comercial, no sentido de parar a procura. No entanto, aquilo que está sendo construído continuou normalmente, mas eu acho que vai ter o reflexo para frente, porque a economia toda pode cair, então não tem como não ter consequências.
MT Econômico: De maneira geral, como está o mercado imobiliário e os estoques da Plaenge em Cuiabá neste período?
Rogerio – Plaenge: Estamos com estoque baixo em tudo. Voltando um pouquinho no tempo pré-copa (meados de 2014), a gente lançou muita coisa em Cuiabá. O mercado local explodiu como ocorreu no Brasil, em função do evento esperado e das mudanças na infraestrutura da cidade, que aconteceram por conta disso. Após 2015 o mercado começou a ficar saturado e cair. A ressaca estava curando no final de 2019. Se você ver tem muito pouco lançamento em termos de empreendimentos verticais na cidade e isso estava sendo retomado em 2020. No entanto, o coronavírus alterou a rota para todo mundo, fazendo rever o cenário e as expectativas.
MT Econômico: Com a queda do mercado, surgiram oportunidades para aquisição de áreas com preço mais atrativo?
Rogerio – Plaenge: Em relação à aquisição de novas áreas para instalação de futuros empreendimentos, não houve alteração. Como a gente trabalha com um ciclo de longo prazo, esses 45 dias que a gente está vivendo agora, não impactou os projetos. A gente não foi atrás de novas áreas, mas também não teve nenhuma oportunidade que viessem nos procurar. Se você pensar em termos de volume, que geralmente são dois empreendimentos construindo, dois lançando e dois entregando, acaba não ocorrendo muitas negociações de áreas, mas sim dos projetos que estão em andamento. São negociações pontuais que acontecem, mas não tem muita movimentação. Em resumo, estamos nos adaptando ao novo cenário, assim como todo o setor imobiliário e da construção civil.
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