O MT Econômico traz para você uma entrevista feita pela Agência Estado com o superintendente de renda variável do Itaú BBA, Marcos Assumpção. A instituição financeira reduziu a expectativa para a Bolsa em 2020, devido ao impacto econômico do coronavírus no país e no mundo.
Conforme apurado pelo MT Econômico o principal índice da bolsa, o Ibovespa que mede o termômetro do mercado financeiro e o humor dos investidores registrou 116.129 pontos em 18 de fevereiro, em pouco mais de um mês atrás. Em 20 de março o índice caiu para 61.988, uma perda de 46,7% no curto período de tempo citado.
Essa semana, a bolsa tem tido uma leve recuperação diante do tombo. Ontem (25.03) o Ibovespa registrou 74.955 pontos.
Anteriormente o executivo do Itaú havia reportado ao mercado que a expectativa tinha sido revisada para 130 mil pontos e agora essa projeção registra 94 mil pontos para 2020 já prevendo os efeitos econômicos com o impacto do covid-19.
Confira abaixo a entrevista:
O Itaú reduziu ontem (25) a projeção da Bolsa para 94 mil pontos. Qual o cenário utilizado para esse número?
O nosso cenário hoje é de uma obstrução do crescimento, uma recessão muito forte no segundo trimestre, com queda de 9,7% no PIB, com uma recuperação também forte a partir do segundo semestre. No fim do ano, nossa estimativa macro é de um PIB neste ano com queda de 0,7%. Com base nisso, teremos uma redução no lucro das empresas que, segundo nosso cálculos, vão levar o Ibovespa para 94 mil pontos.
Nesse modelo, qual o tempo de duração dessa crise na economia do Brasil?
Para a gente, as restrições serão relativamente curtas no Brasil e devem ser levantadas a partir do segundo trimestre, a partir do meio de abril, para a economia ir lentamente se recuperando no segundo semestre.
Com base em que projetam um cenário desses?
É um cenário que fechamos na última terça-feira. Claro, o ritmo dessa crise é muito fluída. Mas fizemos uma reunião recentemente com o professor Tarcisio Filho, que é um doutor em Física e Matemática. Ele estuda o comportamento de epidemias pelo mundo. Como estamos falando de um vírus que não vai ter uma vacina no curto prazo, o seu comportamento será muito semelhante a de outros vírus. A ideia central é que, olhando para outros países, a gente vê que o ciclo natural da doença leva do começo ao pico por volta de 70 dias. Assumindo que a gente teve o começo da doença no começo do fevereiro, provavelmente vamos atingir o pico dela em meados de abril e, a partir dai, ela começa a desacelerar seu ciclo de propagação. A principal medida para a contenção da doença é o isolamento. Na medida em que as pessoas estão dentro de suas casas e os casos vão diminuindo, você terá a economia funcionando de forma um pouco menos restritiva e, aí, as coisas vão caminhando para a normalidade.
O modelo usado pelo Itaú considera uma quarentena dura, como é hoje na Espanha, ou um modelo mais afrouxado, com restrições parciais?
A gente trabalha com uma quarentena mais forte ao longo das próximas três semanas. Como ela começou de forma mais restritivas nesta semana, estamos falando em algo assim até meados de abril. Vendo o histórico de outras epidemias, a quarentena é importante para reduzir o ciclo da doença no período mais critico.
Sem essa quarentena mais dura, o que vocês projetam?
Em um cenário de maior estresse, sem essa quarentena, você posterga a volta da economia à normalidade e o cenário para a Bolsa em 2020 muda.
O dólar termina o ano na casa dos R$ 5?
A gente tem uma projeção com o real apreciando um pouco no final ano. Nossa expectativa é de dólar a R$ 4,60. A inflação para este ano é de 2,9%.
Segundo noticiado pelo MT Econômico em outra matéria, a bolsa já atingiu perdas do começo do ano até meados de março de cerca de 40%. Veja mais aqui.