Caminhamos na direção da melhoria, pelo menos no que trata o tema mercado de automóveis e sua condição ética. Ao futuro nos resta uma condição, a de atender a demanda natural das reais imposições que nos confere um modelo vigente de se viver em sociedade. Não há escolha quando a onda de transformação chega, o movimento exige adaptação ao modelo de se “sobreviver”, afinal surge incondicionalmente de tal forma inovador e desafiador, onde as amarras da comunicação e alienação de massa perdem seus domínios e vence o presente. O passado vira história. Traduzindo, não haverá sistema que não sofrerá um grande impacto na sua forma de operar no seio da “Revolução 4.0”.
A indústria e suas técnicas de produção irão se transformar e com isso transformar tudo a sua volta. O comércio vai passar por um processo de modificação na sua arte e técnica, tão radical, a ponto, de hoje, duvidarmos dessa possibilidade.
O ícone dos produtos que representam a sociedade moderna e símbolo máximo do capitalismo, “o automóvel”, vai sofrer, não só modificações nas questões tecnológicas e de produção, tão impressionantes, que revolucionarão não só a ideia de mobilidade, mas no que diz respeito a sua forma de ser comercializado, também ocorrerão grandes alterações. Porém, a questão que trataremos neste artigo é a da famosa “pecha negativa de picareta” dedicada, neste caso, a vendedores de automóveis. Quem é o tal do picareta? Qual seu futuro?
Antes de mais nada, definir o conceito de picareta é fundamental. O que é ser picareta? Como resposta, podemos dizer que supostamente qualquer indivíduo que tenha, no trato das suas negociações diante da outra parte, ou seus clientes, atos e ações onde a deslealdade entra como fator decisório. Ainda quando este indivíduo se utilize de processos os quais sejam propositalmente desonestos, todos com o objetivo lesar a outra parte dentro de uma transação de compra e venda de automóveis, sempre interessado em aumentar seus ganhos individuais. Esse sujeito existe? Sim existe, mas todos que trabalham com venda de carros tem esse procedimento? A resposta é não. A ideia de generalização de conceitos negativos tem propósito, existe e a gente sabe disso. É ordinariamente comum se julgar a “maioria pela minoria desonesta”, ainda mais se esse pré-julgamento ajudar a manter um certo apoderamento e hegemonia sobre a negociação.
Os dias estão contados para esse tipo de conduta, seja ela de pré-julgar o vendedor e ou de se beneficiar da desonestidade. Porque observada a prática, sabemos, numa relação comercial, as partes, tanto vendedor como comprador podem ser desonestos e não se dedicarem a serem cidadãos éticos. Esse problema está, podemos dizer, na construção da personalidade do indivíduo, ou seja, na base de sua educação.
Acontece que nesse novo modelo de negociações digitais, a informação será sempre o canal mais privilegiado. Os históricos dos participantes e do produto estarão muito mais acessíveis e bem resguardados por mecanismos de pesquisa que irão concluir uma situação muito segura para o reconhecimento, tanto dos participantes da negociação como do produto em si.
As plataformas digitais e suas informações e dados irão exigir dos participantes do negócio, maior profissionalismo porque não haverá dúvidas sobre as pessoas e o produto. O novo produto então não será mais o objeto físico em si, ou seja, o carro. O que será de fato valorizado dentro da negociação é a qualidade do serviço prestado. Neste novo modelo comercial, agora o que será posto em evidência é a prestação de serviço. Esse será o grande divisor de águas.
Sobre as pessoas teremos todos subsídios de dados possíveis, os mecanismos de busca e informação já são uma realidade incontestável. Quanto ao carro, a mesma condição já é uma verdade, já existem meios de certificação e pesquisa que dão total informação sobre o automóvel e sua vida útil.
Resta agora satisfazer, as necessidades e desejos das partes, quero dizer, de quem vende e de quem compra. Profissionalizar o atendimento, mesmo quando a parte da negociação é a que compra. Foi o que eu disse, quem compra agora vende uma boa compra. Saber comprar com ética passa a ser então a nova dimensão de prática. É claro que quem vende tem de naturalmente estar preparado para atender a demanda do comprador, porém o comprador tem participação ativa e responsabilidade ética. É a partir desta igualdade de condições, para um bom negócio, que o comercio de automóveis vai estar inserido nas próximas décadas.
O principal produto será o conhecimento, seu saber e sua conduta, de sobra, o mundo digital condicionará a negociação para os nichos de escolha de cada tipo de interesse e objetivo. Quem quer comprar preço, terá seu espaço de risco bem claro. Quem quer comprar valor e segurança e não vantagem sobre o outro, terá seu espaço de negociação também. A cada dia o mundo digital propicia ao consumidor “customizar” seu atendimento. Vão acabar os picaretas? Talvez nunca, a gente só vai poder escolher se somos ou não éticos. Tem uma máxima de que diz; um mentiroso só consegue mentir para outro mentiroso. Será verdade? No mundo digital isso vai ser uma realidade.
Coluna Especial MT Econômico – Setor Automotivo
Colunista MT Econômico: Ricardo J. J. Laub Jr.
Historiador e Empreendedor graduado no Curso de Licenciatura Plena em História na UFMT- Universidade Federal de Mato Grosso e em EMPREENDEDORISMO (2005) pelas Faculdades ICE. Com Mestrado em História Contemporânea pela UFMT/PPGHIS. MBA – Master in Business Administration em Gestão de Pessoas, MBA – Master in Business Administration em Gestão Empresarial e MBA – Master in Business Administration em Gestão de Marketing e Negócios. Professor na faculdade, Estácio de Sá – MT, Invest – Instituto de educação superior. Presidente da AGENCIAUTO/MT- Associação do Revendedores de Veículos do Estado de Mato Grosso, com larga experiência profissional na elaboração de planos de negócio voltados para o ramo automobilístico, gerenciamento comercial, administrativo, controle de estoque, avaliação de veículos, processos operacionais e estratégicos para empresas do setor automotivo e gestão de pessoas no âmbito organizacional.