Na semana passada o governador Mauro Mendes precisou enfrentar uma série de situações. A maioria em seu desfavor. A primeira, foi o presidente Jair Bolsonaro quem provocou os governadores a baixar o preço dos combustíveis, eliminando ou reduzindo o valor dos impostos. Viralizou imediatamente. Vídeos do governador durante a campanha defendo menores impostos sobre os combustíveis. Não poderá porque esses tributos seguram parte do orçamento estadual.
No segundo momento continuou a brigada com setores econômicos do Estado por contra da mini-reforma tributária feita pelo governo.
A verdade é que o governador está muito pressionado pelos setores econômicos num crescente mal-estar nas relações como há muito não se via em Mato Grosso. Isso do ponto de vista externo. Do ponto de vista interno o governador está preso nas diversas blindagens do orçamento. Lembrando que foi uma longa e minuciosa construção pra dar garantias à máquina pública de que ela comandaria os impostos arrecadados no Estado.
A situação ficou assim: os setores da economia se posicionando como nunca fizeram antes defendendo menor carga tributária. Os técnicos fazendários fazem contas para uma economia de mercado ideal. Os empresários amargando custos mais altos.
Concretamente, o que está em jogo divide-se em duas vertentes, 1 – o Governo precisa de mais dinheiro pra pagar as suas contas. 2- Os empresários não querem mais impostos. A população não diz nada, embora seja quem pague a conta no balcão do comércio.
Na prática só o governador tem a perder do ponto de vista político, porque a onda empresarial é crescente. Nos bastidores é péssima a percepção sobre a gestão. Isso sempre traz prejuízos eleitorais futuros.
Nesta semana que passou conversei com empresários a esse respeito. Vão fincar pé. O governo não pode fincar o pé indefinidamente. O governador sabe que o Estado gasta muito e gasta mal. Mas está impedido por dezenas de leis a mexer no orçamento. Porém, na visão de empresários mais lúcidos, esta é a chance de ouro dele mudar o discurso. Aproveitando a onda que vem de fora criar um discurso pra dentro do governo de reformulações efetivas e mais profundas.
Do contrário, nunca se mexerá nesse mundo que vive à margem da realidade. Cada vez mais ávido por dinheiro, o setor público nunca abrirá mão de tudo o que acumulou nas últimas décadas.
O fato é que apareceu um claro e crescente ambiente de contestação ao sistema de impostos. Entendimento é o mínimo que cabe nessa confusão. O Estado precisa entender que os tempos a cada dia são outros.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso