O ministro da Economia, Paulo Guedes, participou no final de semana de uma live (webconferência) com a XP Investimentos. Durante quase duas horas de conversa, Guedes discorreu sobre inúmeros assuntos, como as medidas econômicas emergenciais adotadas pelo Governo Federal para mitigar a crise financeira provocada pela pandemia do coronavírus.
Segundo Guedes serão injetados no Brasil R$ 750 bilhões nos próximos três meses. Ele disse também, que permanece no cargo e que sua saída é mera ‘conversa fiada’ e relatou ainda, os desafios econômicos para os próximos meses no Brasil e no mundo.
Otimista, Paulo Guedes acredita que o Brasil será o primeiro país a sair da crise econômica gerada pelo vírus, dando um exemplo para o mundo.
Entre os participantes da entrevista, executivos da corretora e o próprio Guilherme Benchimol, CEO e fundador da XP Investimentos. Segundo a XP, mais de 40 mil pessoas acompanharam a live.
O MT Econômico também assistiu a live e traz alguns dos principais pontos da entrevista.
Medidas Econômicas Emergenciais
“A nossa dinâmica é diferente da dinâmica de outros países. Evidente que vamos sofrer tanto quanto eles. Um impacto forte neste primeiro momento, que é por conta da calamidade pública na saúde. Mas, do ponto de vista da economia, os países estão em condições diferentes no círculo. O mundo já estava em desaceleração sincronizada e a crise do coronavírus agravou o cenário. Nossa situação é diferente. Nós tínhamos crescido em dois anos 2,3%. Quando começou nosso governo houve dois fatores, o colapso da Argentina e acidente de Brumadinho. No primeiro trimestre de 2019, nossa economia cresceu a 0,7%, mas depois foi crescendo. Fechamos o último trimestre de 2019 com um crescimento de 1,7%. No primeiro trimestre de 2020, se não tivesse acontecido a pandemia, estávamos com uma arrecadação 20% acima do esperado. O Brasil estava em crescimento quando veio o impacto do coronavírus, seria um crescimento de 2,4% no primeiro trimestre deste ano".
"Com o impacto, a primeira medida foi tentar aumentar a liquidez do sistema financeiro. Liberamos R$ 200 bilhões em compulsórios, preocupados com o capital de giro das empresas. Depois subimos a liberação para R$ 350 bilhões em créditos para segurar o fluxo de caixa das empresas, que era um ponto vulnerável".
"Do lado da saúde, aportamos os primeiros R$ 5 bilhões solicitados pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Depois foram mais R$ 4,5 bilhões oriundos do DPVAT, daí mais R$ 16 bilhões dos Fundos de Participação de Estados e Municípios para os municípios, descentralizando os recursos, e mais R$ 8 bilhões para o Fundo Nacional de Saúde, que vai direto para os Fundos de Saúde de Estados e Municípios. Tudo isso no espaço infra constitucional, porque não tínhamos ainda autorização do Congresso para os gastos emergenciais com o impacto do coronavírus".
"Também foi antecipado R$ 147 bilhões em décimo terceiro aos aposentados e abonos salariais que serão pagos nos próximos três meses".
"Todas estas medidas vão injetar na economia brasileira nos próximos três meses, em torno de R$ 500 bilhões de reais. Não é um número qualquer. É um impacto extraordinário. E some-se a isso, mais R$ 250 bilhões que irão para auxílio da camada mais vulnerável da população, entre Bolsa Família e Auxílio Emergencial aos Ambulantes, vamos chegar a R$ 750 bilhões, que vão girar a economia brasileira nos próximos três meses", disse Guedes.
Déficit e Reformas Estruturantes
“Este montante – R$ 750 bilhões – representa em torno de 4,8% do PIB nacional. Será um déficit extraordinário, mas não tem problema, não vamos deixar nenhum brasileiro para trás. Nós vamos desviar um pouco da nossa estratégia de segurar os gastos públicos, devido ao momento, mas o ano que vem nós voltamos novamente a nossa estratégia. Vamos continuar com as reformas estruturantes e retomando o crescimento do país. Se nós fizermos um programa colossal de medidas emergenciais sem sinalizar as estruturantes, aí nós vamos desestabilizar as expectativas, aí começa o juro a subir, começa a inflação a subir e isso nós não podemos permitir. Fomos atingidos por um meteoro, mas no ano seguinte voltamos para o trilho das reformas estruturantes, creio que neste ano ainda” afirmou o ministro.
Saída do Governo
“Isso de que vou sair do governo é conversa fiada total. Não tem nada disso. Nós fomos atingidos por um meteoro. Não existe isso de sair, ainda mais no momento em que o país mais precisa, no nosso momento mais grave”, garantiu Guedes.
Segmentos
“Nós montamos 12 grupos de monitoramento e escutamos 190 representantes de segmentos, como federações, sindicatos, segmentos como bares e restaurantes, aéreas, indústria automobilísticas, entre outros, ouvindo os pedidos. Dos 190, 103 representantes enviaram pleitos, uma média de sete reivindicações cada um, dando soluções para os problemas. Por exemplo, nós não vamos deixar acabar as companhias áreas brasileiras porque durante uns quatro meses ninguém vai voar, mas daqui a seis meses todo mundo vai voltar a viajar. Nós padronizamos os pleitos chegando a 80 pleitos. Sintetizamos em quatro categorias: trabalhistas, tributárias, créditos e legislação".
"Postergamos alguns impostos para as empresas. Nas trabalhistas estamos atuando em alguns pontos como suplementação salarial, ajudando as empresas a manter os empregos", comentou o ministro.
Retomada do crescimento
"Para a retomada da economia e do crescimento após passada essa crise, nós teremos que retomar os investimentos. Temos que aprovar o Plano Mansueto – projeto com medidas para socorrer Estados e municípios com dificuldades fiscais – que já está no Congresso. O que vai nos tirar da crise: saneamento; projetos de infraestrutura e concessões; privatizações; investimentos do setor elétrico. Eu acredito que o Brasil será exemplo na retomada do crescimento. Nós vamos avançar com as reformas estruturantes e seremos o primeiro país a sair da crise, porque o Brasil já estava decolando. Com juros baixos, dólar valorizado e reformas estruturantes o Brasil vai decolar", finaliza o ministro da Economia Paulo Guedes.
Para ver a live completa acesse o link.