Os empresários do setor de telecomunicações de Mato Grosso estão tentando junto à Energisa, isonomia no tratamento dos contratos de compartilhamento de infraestrutura, tendo como referência a resolução conjunta Aneel/Anatel nº 4, de 16.12.2014. Uma nova reunião na última segunda-feira (29), intermediada pela Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de Mato Grosso (Facmat), em Cuiabá, com a presença de representantes de vários municípios, prorrogou novamente a decisão.
Segundo o presidente da Facmat, Jonas Alves, em reuniões anteriores, a Energisa ficou de fazer um estudo nos contratos vigentes em Mato Grosso e apresentar aos empresários. A última reunião foi em dezembro de 2017 e de lá pra cá nada aconteceu, mesmo com as cobranças constantes por parte da Federação. “Infelizmente, a Energisa está fazendo pouco caso do problema que envolve o setor. Essa indefinição da concessionária está prejudicando o desenvolvimento de Mato Grosso, já que a conectividade é fundamental para o crescimento dos negócios e do Estado", alerta.
Os empresários estão preocupados com a indefinição da tabela de valores da Energisa, tendo em vista os prejuízos que se acumulam a cada mês. "Queremos investir, temos material parado, estocado há anos, esperando uma decisão da concessionária, que não demonstra o menor interesse. Para a internet ser disponibilizada a mais pessoas é fundamental a atuação dos provedores. Em Mato Grosso, a maioria das cidades é atendida por apenas uma empresa de telecomunicação de grande porte e, no caso das pequenas que estão querendo levar o desenvolvimento para os municípios, não é possível devido ao valor que estão nos cobrando", relata o empresário Leandro Kessler, de Colíder.
Para o empresário Sidiney Gonçalves Neto, de Sinop, a resposta por parte da concessionária é muito morosa. "A Energisa não nos dá uma alternativa e não segue a resolução da Aneel/Anatel. Com isso estamos estagnados, temos muita infraestrutura parada que não conseguimos instalar nos municípios devido ao fato que a empresa nos impõe, ou seja, se instalar, 30 dias depois a conta vem cem vezes maior do que a referência da Anatel dispõe", explica. Conforme ele, os empresários buscam um entendimento mais próximo da realidade, que está na resolução. "Isso afeta por completo o desenvolvimento do nosso negócio e impede as empresas e o estado de crescerem e oferecerem melhores serviços à população que sofre hoje com uma internet sem qualidade", completa Neto.
Já o empresário Victor Menezes Roscete, de Rondonópolis, engrossa a insatisfação dos demais, e diz que os altos valores praticados pela concessionária para o compartilhamento de postes tem inviabilizado a operação de muitos provedores no estado. "Temos interesse de continuar mantendo uma boa relação com a Energisa para chegarmos a um consenso através do diálogo. Os provedores podem ajudar a fiscalizar aqueles que usam postes de maneira irregular, mas ao mesmo tempo precisamos de valores mais justos para equilibrar a relação entre provedores e concessionária", reforçou.
Hoje, explicou Roscete, o custo com postes soma valores expressivos e uma redução nessa conta tornaria a operação mais viável, permitindo a expansão das redes com estímulo à competitividade, levando internet de qualidade para uma maior parte da população, com preços mais acessíveis.
Por fim, o presidente da Facmat reitera que quanto maior o acesso à internet, maiores as possibilidades de crescimento da economia. "Estamos abertos ao diálogo e precisamos resolver essa questão com a Energisa. Isso só vai favorecer o desenvolvimento de Mato Grosso e das empresas que hoje sofrem com a baixa conectividade em todo o Estado", conclui Jonas Alves.