Como produtores de soja estão com dificuldades para negociar a soja de Mato Grosso por conta de uma moratória, que proíbe o comércio, a aquisição e o financiamento de grãos produzidos em áreas desmatadas de maneira ilegal, o ministro de Meio Ambiente, Ricardo Salles, se comprometeu a discutir o assunto junto à Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
Segundo o presidente da Aprosoja em Mato Grosso, Antônio Galvan, a medida é ilegal e, portanto, o governo deve retirar o apoio. A moratória beneficia um conjunto de 13 tradings, responsáveis, segundo ele, pelo comércio de 80% da soja no Brasil. “Simplesmente não comercializam com o produtor, mesmo plantando legalmente. Restringe muito a trabalhar e buscar financiamento, ou negociar com grande multinacionais. Não estamos falando de áreas embargadas, mas que foram abertas antes do próprio código florestal. Hoje são mais de 400 produtores mato-grossenses na lista negra da Abiove”, explicou Galvan.
O presidente da Aprosoja-MT afirmou ainda que os produtores rurais temem a implantação de uma moratória semelhante no Cerrado, o que também foi tratado em audiência com Ricardo Salles. “É outro absurdo ridículo. A Abiove quer trabalhar como órgão fiscalizador, mas não tem poder para isso”, comentou.
A moratória da soja, aprovada em 2006, prevê também a proibição do comércio de soja proveniente de áreas embargadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ou, ainda, em propriedades que constem em lista de trabalho análogo ao escravo do Ministério do Trabalho.