Já se vê na China um novo momento para a venda de automóveis após passarem pela pior fase do coronavírus. Quando se trata de novos contágios, a novidade é que já se constata uma queda expressiva de novos casos no país asiático. Devido a sua pujança econômica, apesar de muito cedo para uma análise concreta, a China, sem dúvida, uma das maiores economias do mundo, já começa a registrar, depois da quarentena, uma pequena recuperação[1].
A economia chinesa, todos sabemos, tem um impacto muito grande na economia do mundo, e se aponta recuperação é um bom sinal de que tudo deve entrar nos eixos, por fim, a China e seu imenso mercado interno, com características exclusivas, tem a maior indústria automobilística do mundo e é a grande fornecedora de peças e equipamentos para todos fabricantes de automóveis do planeta. Como tal, também sofre com a interdição da produção no mundo, de tal forma, seu mundo depende de todo mundo e apesar de seus maiores compradores estarem, neste momento, em meio ao principal período de paralisação, que leva suas fábricas a funcionam com 50% a 60% de sua capacidade produtiva, a China prova sobreviver e se recuperam, essa é a boa notícia.
O que, vale lembrar, seu exemplo nem sempre serve para todas partes do mundo, a China é um mercado com características ímpares, desta forma não é um modelo para criação de parâmetros gerais.
O tempo é fundamental para a indústria automotiva, claro para a economia global e para o setor, a duração da epidemia é fator preponderante, pois leva a paralisação da indústria no mundo e aí a recessão e o desemprego aparecem rondando o sono dos trabalhadores e empresários.
Nos Estados Unidos não é diferente, março já registrou uma queda nas vendas em todo país impactando, nos meados do mês, a produção industrial, o que deve se agravar agora com o grande contágio que se afigura neste exato momento, exigindo a quarentena e isolamento total, que fará de abril certamente o pior mês da história da produção automobilística, até aqui vivida, nos Estados Unidos da América, até maior que a crise ocorrida após o fim da segunda guerra mundial. O coronavírus não só atingiu a indústria, o comércio, os serviços e sua enorme cadeia produtiva, mas a confiança do consumidor americano e de todo mundo.
Segundo a empresa de pesquisas LMC automotive, a queda na produção de veículos leves no mundo deve cair de 88,8 milhões em 2019 para 76,9 milhões em 2020, queda de 13%, porém a expectativa era de 90,2 milhões para o ano.
As vendas de automóveis também sofrerão uma queda em torno de 15%, o que significa que na ponta, ou seja no comércio, o mercado deve se mostrar, dentro de um risco maior. Segundo especialistas o problema não está somente na questão da produção, recessão, confiança do consumidor, ainda tem o problema da reconfiguração do sistema de redes de valor agregado, que está descoordenada e deve, para reiniciar suas atividades sob um novo modelo, demorar, afinal nada será como antes. Essa é a única certeza. Nada será como antes.
Na Europa a situação, apesar de difícil como todos, é diferente em alguns aspectos, segundo especialistas do mercado europeu, no velho mundo, os países do sul estão tendo maior dificuldade em conter os efeitos causados pelo coronavírus, e a Europa deve “demorar até dez anos para superar o número de vendas de 2019”, segundo dados da Acea (Associação dos Montadores da Região), 1.1 milhão de postos de trabalho no setor automotivo já foram retirados, com a perda a produção de 1,2 milhão de automóveis leves, tendo a Alemanha, atual líder de produção de automóveis da Europa, como a maior prejudicada com 51% de seus trabalhadores atingidos e 29% da Produção perdida.[2].
No Brasil as estatísticas não são melhores, prevê-se uma diminuição de 23% nas vendas de veículos novos, com aproximadamente um total de 2,03 milhões de veículos leves vendidos. A pandemia ao paralisar a indústria automobilística mundial, afeta diretamente o mundo.
Aqui no Brasil os reflexos não são diferentes. Destes cenários todos a China é, entre os países que pertencem ao mundo da indústria automobilística, o que pode se sair melhor, apesar de ser uma situação inferior a aquela que teria caso não houvesse ocorrido a epidemia.
De qualquer forma a China, por ser grande fornecedora, precisa de uma indústria forte no mundo todo. Sua situação é melhor por tem mercado interno gigante e muito forte e porque, tem se virado bem com relação ao combate a contágio. Historicamente os Estados Unidos sempre saíram bem quando se trata de crise econômica, apesar que, hoje, estão no epicentro do contágio. Ironicamente, tanto poder desestabilizado por um microrganismo.
Todo esse movimento de desajuste, exatamente num dos momentos de grandes transformações criativa e de pesquisas da indústria, que vinha desenvolvendo novas tecnologias automotivas de adaptação ao modelo de vida sustentável, no caso os motores ecológicos, carros autônomos, que a crise financeira vai com certeza abalar, mas jamais interromper. O homem renasce de fato nas novas gerações, passa por tudo.
A boa notícia, apesar, é muito claro, de todas as perdas humanas que são duras e sofrimentos incompensáveis, é que todas as grandes crises geram grande saídas, e esta, vemos tem claramente um impacto de transformação fundamental, não só no modo de produzir automóveis e outros produtos, mas no modo de viver das pessoas. Jamais seremos os mesmo de antes, a crise do coronavírus vai nos por numa situação de revisão dos valores sociais e econômicos, no modo de interagirmos e como entender a necessidade de realizar uma sociedade muito mais interessada na proteção do ser humano. Que venha o novo mundo, construído de um homem melhor, mais humano e sabedor de sua humanidade.
[1]Fonte: https://motor1.uol.com.br/news/405917/coronavirus-codiv19-china-situacao/. Acesso 12/04/2020.
[2]Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/04/coronavirus-deve-derrubar-producao-global-de-carros-em-13-em-2020.shtml. Acesso 12/04/2020.
Coluna Especial MT Econômico – Setor Automotivo
Colunista MT Econômico: Ricardo Laub Jr.
Historiador e Empreendedor graduado no Curso de Licenciatura Plena em História na UFMT- Universidade Federal de Mato Grosso e em EMPREENDEDORISMO (2005) pelas Faculdades ICE. Com Mestrado em História Contemporânea pela UFMT/PPGHIS. MBA – Master in Business Administration em Gestão de Pessoas, MBA – Master in Business Administration em Gestão Empresarial e MBA – Master in Business Administration em Gestão de Marketing e Negócios. Professor na faculdade, Estácio de Sá – MT, Invest – Instituto de educação superior. Presidente da AGENCIAUTO/MT- Associação do Revendedores de Veículos do Estado de Mato Grosso, com larga experiência profissional na elaboração de planos de negócio voltados para o ramo automobilístico, gerenciamento comercial, administrativo, controle de estoque, avaliação de veículos, processos operacionais e estratégicos para empresas do setor automotivo e gestão de pessoas no âmbito organizacional.
Leia mais: Opinião – O automóvel parado, vírus andando? O que era para aproximar está estacionado