Como esperado, o mercado de compra e venda de automóveis, no Brasil e em Mato Grosso, sofreu grande prejuízo com a redução das negociações, determinado às condições impostas pela grave pandemia do coronavírus que assola o país neste momento. A FENABRAVE – Federação Nacional das Distribuidoras de Veículos Automotores, publicou essa semana os resultados do mês de abril, revelando os números de venda ocorrido no período e os péssimos percentuais indicando uma grande de regressão do mercado automobilístico.
Para este mês de abril de 2020, foram comercializados 89.692 veículos zero km, enquanto que em março passado, foram vendidos 249.392 carros novos no mercado. Um registro de queda nas vendas, de todos os tipos de automóveis, impressionante, de 64,04%. Deve-se levar em conta, que extraordinariamente,o mês de fevereiro, deste ano, se comparado a março, já se havia ocorrido uma queda de 15,02%. Um ano atrás, os números do mesmo mês de abril, (2019), apontaram a comercialização de um total de 339.388 veículos novos, novamente, quando comparados a abril de 2020, registramos uma queda de 73,57%. Quando se trata de contar o acumulado do ano, até agora, em 2020, foram vendidos 930.918 automóveis, comparados aos 1.244.086 vendidos no mesmo período em 2019, destaca-se uma queda considerável de 25.17% no mercado.
Esses resultados no colocam em máxima atenção, muito porque, a indústria automobilística, com suas montadoras e revendedores autorizados, são parte fundamental para a manutenção de uma cadeia de outras indústrias e serviços, desta feita um segmento imprescindível para a manutenção do sistema econômico de qualquer nação. É sem nenhuma dúvida, uma das molas propulsoras para a manutenção do emprego e renda de qualquer nação do mundo, desta forma, quando vemos o setor passando esse momento, é claro nos preocupamos com o futuro de nosso país.
Segundo a entidade, a “produção de carros cai 99,3%”, em abril em relação ao mesmo mês de 2019 e também, ante março passado. pior número desde 1957 e pior resultado na história da produção automobilística brasileira dos últimos 63 anos[1]. Luiz Carlos Moraes, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), declarou que “Nem em períodos de greve ou de outras crises tivemos uma produção tão baixa”.
O mercado de usados, em Mato Grosso, passa pelo mesmo sistema de sofrimento, o mês de abril registrou a venda de 5.122 veículos usados, ante uma média de 26 mil negociações por mês, em março foram vendidas, assim como no caso do carro zero KM, um número de carro já com queda em relação a fevereiro, de 22.556 seminovos e usados, apresentando uma redução de 77,3%. No acumulado do ano, houve uma retração de 26,3%. Cenário nunca visto antes no Estado. Como vemos as condições são as mesmas que o seguimento de novos vive.
Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea (Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores), já admite que os preços devem subir, mas diz que decisão é das montadoras, segundo ele essa alta se deve ao encerramento da produção em todas as fábricas de automóveisno país, ainda explica que com a instabilidade cambial em andamento, como dólar nestes patamares, fatalmente os aumentos são quase certos, muito porque as peças e equipamentos para a montagem dos automóveis, grande parte são importadas de outros países, que também passam pelos mesmo problemas brasileiros.
Mesmo com a taxa Selic em queda, espera-se uma contração econômica de mais de 4%, o que demonstra um mercado com baixa expectativa de crescimento. A Focus, empresa especializada em pesquisar o mercado econômico para o Banco Central, na segunda feira passada apresentou uma perspectiva de queda da Taxa Selic para 2,5% a.a., percentual que nos mostra um mercado em recessão.
Estudiosos estipulam que o mercado deve continuar em crise econômica no ano de 2021, a pandemia está sendo avassaladora, não só na sua capacidade de tirar vidas humanas, mas também de deixar sequelas terríveis. As previsões para o crescimento do país, no ano que vem, devem ser, infelizmente negativas e ou com zero crescimento.
A grande preocupação não fica somente nos prejuízos financeiros causados às instituições e empresas e ainda, das terríveis mortes causadas pelo coronavírus, há uma grande preocupação com os empregos, a COVID-19 e seus efeitos econômicos já se manifestam ao registrar a queda, no ano, acima dos 10% nas horas trabalhadas no setor de serviços, que representa o total de 70% dos empregos ativos. Soma-se tudo isso, infelizmente, ao desgoverno em andamento, a precarização da política. De forma impressionante, o impacto da Covid-19, também afeta o quadro político, que se mostra incapaz de gerir a crise e manter o país tranquilo, causando mais prejuízos a economia brasileira em 2020 e 2021.
Ainda como bons brasileiros, sabemos passamos todos os dias por agruras, não é de hoje nosso povo enfrenta dificuldades. Essa provação é de fato muito complicada, o isolamento ainda é contestado, diante de tanta confusão que se cria encima do tema. Não vamos discutir isso, precisamos de um braço forte, de condução objetiva, isso nos falta. A nossa sorte, em meio a tudo isso, é que o brasileiro é resistente.
Podemos perder tudo, as questões materiais, se observadas, são irrisórias, e se “você”, isso mesmo, eu escrevi “você” de fato, não estiver vivo, só assim não teria como reagir para sair de qualquer situação.
Então, não ache que algumas vidas perdidas não valem o prejuízo financeiro, porque uma delas, pode ser a sua. Acredite, sempre saímos dos abismos financeiros, sabemos que perdemos e ganhamos nesta vida, isso é bem comum, e essa condição de se levantar, só não ocorre, se “você”, não estiver mais vivo. Eu, pelo menos, nunca vi defunto sair da cova para pagar aluguel. Lutemos pela sobrevivência de todos. O país é rico, nós temos saúde e força para reagir, confie em você.
[1] Fonte: http://www.fenabrave.org.br/portal/conteudo/view/15232, acesso dia 12/05/2020.
Coluna Especial MT Econômico – Setor Automotivo
Colunista MT Econômico: Ricardo Laub Jr.
Historiador e Empreendedor graduado no Curso de Licenciatura Plena em História na UFMT- Universidade Federal de Mato Grosso e em EMPREENDEDORISMO (2005) pelas Faculdades ICE. Com Mestrado em História Contemporânea pela UFMT/PPGHIS. MBA – Master in Business Administration em Gestão de Pessoas, MBA – Master in Business Administration em Gestão Empresarial e MBA – Master in Business Administration em Gestão de Marketing e Negócios. Professor na faculdade, Estácio de Sá – MT, Invest – Instituto de educação superior. Presidente da AGENCIAUTO/MT- Associação do Revendedores de Veículos do Estado de Mato Grosso, com larga experiência profissional na elaboração de planos de negócio voltados para o ramo automobilístico, gerenciamento comercial, administrativo, controle de estoque, avaliação de veículos, processos operacionais e estratégicos para empresas do setor automotivo e gestão de pessoas no âmbito organizacional.
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