Viabilidade. Palavra muito utilizada no cotidiano das pessoas, mas pouco efetivada no cotidiano dos negócios.
Preciso viabilizar meu empréstimo, preciso viabilizar uma rede de esgoto, preciso viabilizar a cirurgia, preciso viabilizar uma fonte de energia, preciso viabilizar minha viagem, preciso viabilizar minha pescaria (convencer a dona patroa…), etc.
Mas, afinal, qual o sentido da viabilidade?
Pelo ângulo econômico, o estudo de viabilidade econômica objetiva coletar e processar informações a respeito de renovação ou novas oportunidade de investimentos para análises de sua futura lucratividade (retorno do capital investido)e rentabilidade (período de retorno do capital investido).
Bom dizer que isso tudo tem a ver com o capital privado, pois, o setor público não precisa viabilizar nada, apenas atender a necessidade de uma pessoa que seja (Ótimo Pareteano) quando da implantação de uma obra ou serviço, porém, desde que efetuado sob a visão do gasto eficiente, e, tendo como suporte a análise do benefício/custo.
Entretanto, um estudo de viabilidade não aborda somente aspectos econômicos, mas, sim, os aspectos técnicos e tecnológicos de um futuro empreendimento.
Aspectos técnicos envolvem as considerações referentes à seleção entre os diversos potenciais para esta ou aquela atividade, processos de produção, engenharia do projeto, arranjo físico dos equipamentos, mão-de-obra, matéria-prima e outros fatores.
Quanto aos aspectos tecnológicos, de nada adiantará avançar num projeto de investimento caso não se tenha conhecimento da tecnologia a ser utilizada no processo produtivo ou ciclo operacional do investimento sem a devida tecnologia madura ou em processo acelerado e avançado do seu desenvolvimento.
Os exemplos críticos são muitos pelo Brasil a fora. No caso específico de Mato Grosso, na história dos grandes projetos na Amazônia, recordemo-nos da clássica e ousada fábrica de óleo de babaçu em Várzea Grande, na famosa Matoveg S/A, quando não se conhecia a melhor tecnologia para quebrar o coco de babaçu em alta escala.
Assim, técnica e tecnologia são condicionantes e determinantes para o alcance da viabilidade econômica nas tomadas de decisões investivas.
É por isso que estudiosos da temática viabilidade têm afirmado que estudo de viabilidade difere de projeto de financiamento para o atendimento de exigências de bancos financiadores, tendo em vista que o estudo é muito mais detalhado e complexo que um projeto de financiamento.
Para os dias atuais ainda existe a questão ambiental, porém, num estudo de viabilidade, além do estudo de mercado, engenharia do projeto, dentre outros, há que se preocupar com a localização do empreendimento e seus resíduos, sendo que estes últimos podem ser vendáveis ou não, proporcionado mais uma receita para a empresa.
Portanto, prudência ecológica é um defensivo para o caos ambiental, em vista de que os novos investimentos ou sua renovação são geradores de economias externas e deseconomias externas, não necessitando, sem dúvida, de viabilidade ambiental, mas, sim, dos estudos de impactos ambientais e dos relatórios de impactos ambientais (EIA/RIMA), conforme estabelecido e exigido constitucionalmente.
Em síntese, viabilidade econômica importa porque tudo tem um custo, contudo, antes que estejamos todos mortos no longo prazo, incontestável é que teremos que respeitar os limites do crescimento, a partir das complexidades econômica, social, política e ambiental-ecológica num mundo fragmentado e desigual, que, talvez, em busca de um mundo global sustentável.
Ernani Lúcio Pinto de Souza, 56, é cuiabano, economista do NIEPE/FE/UFMT, ms. em planejamento do desenvolvimento pela ANPEC/NAEA/UFPA e ex-vice presidente do CORECON-MT (elpsouza@ufmt.br)