Com a possibilidade da Renault estudar com interesse a proposta de fusão com a Fiat Chrysler Automobiles (FCA), as ações das empresas dispararam no mercado.
Se elas se fundirem se tornará o terceiro maior do setor.
“Depois de uma cuidadosa análise dos termos da proposta amigável da FCA, o conselho de administração decidiu estudar com interesse a oportunidade dessa combinação empresarial”, disse a Renault em um comunicado, no qual prometeu que haverá novas declarações “em seu devido tempo para informar o mercado dos resultados dessas discussões, de acordo com as leis e regulamentos em vigor”.
Embora a última palavra seja do Ministério da Economia, como esclareceu o Eliseu, o porta-voz do Governo Emmanuel Macron, Sibeth Ndiaye, adiantou nesta segunda-feira que o Executivo é “favorável” ao projeto de fusão. É claro, enfatizou à rede BFMTV, desde que “as condições em que esta se realize sejam ao mesmo tempo favoráveis ao desenvolvimento econômico da Renault e, evidentemente, aos assalariados da Renault”. O Estado tem uma participação de 15% na empresa francesa.
A notícia de uma possível fusão repercutiu positivamente nas bolsas. As ações da Renault e da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) subiam mais de 10% na manhã de segunda-feira. Especificamente, os títulos do grupo francês chegaram a subir cerca de 16% pouco depois da abertura da Bolsa de Paris, cotados a 57,51 euros por ação, enquanto os da FCA aumentaram quase 20 % em Milão, embora logo essa valorização perdeu impulso. De acordo com a proposta italiana, a nova empresa seria controlada em 50% pelos acionistas de ambas as companhias. A fusão daria lugar ao terceiro maior grupo automobilístico do mundo e suas ações seriam negociadas nas Bolsas de Paris, Milão e Nova York.
8,7 milhões de veículos por ano
A proposta do fabricante ítalo-americano destaca que as vendas anuais do novo grupo atingiriam 8,7 milhões de veículos, com uma “forte presença em regiões e segmentos chave”. O que seria o terceiro “fabricante de equipamentos originais” do mundo teria através de suas múltiplas marcas comerciais “uma cobertura completa do mercado, do luxo ao segmento voltado ao grande público”, enfatiza a FCA, e poderia enfrentar o futuro “com um forte posicionamento em novas tecnologias, como veículos elétricos e autônomos”.
A Renault compensaria o atraso da FCA no setor de veículos elétricos e sua fragilidade na Europa e em troca teria acesso a uma parte substancial do mercado norte-americano, dominado por SUVs e caminhonetes, que não são o ponto forte do fabricante francês. Além disso, a proposta da FCA garante que a fusão não envolveria o fechamento de nenhuma planta de produção e permitiria aos dois fabricantes economias superiores a 5 bilhões de euros por ano, para além dos que a Renault obtém com sua aliança com a Nissan e a Mitsubishi.
Fontes familiarizadas com a oferta dizem que as negociações para a fusão da FCA e da Renault já tinham começado durante o mandato do ex-presidente da companhia francesa, Carlos Ghosn, informa a France Presse. A prisão de Ghosn, no fim de novembro, em Tóquio (Japão) por supostos desvios de dinheiro, abriu uma crise na aliança Renault-Nissan-Mitsubishi. A fusão com a FCA fortaleceria a empresa francesa na distribuição de forças dessa aliança, que “deixa uma porta aberta”, de acordo com as mesmas fontes, para uma aproximação dos fabricantes japoneses. Fiat Chrysler, Renault e Nissan-Mitsubishi somam 16 milhões de veículos por ano, à frente dos grupos Volkswagen (10,6 milhões) e Toyota (10,59 milhões).